Tenho um certo medo de altura. E tenho que admitir que em certas cenas de A Travessia, que estreou esta semana nos cinemas, tive uma sensação de desespero. Talvez você já tenha ouvido falar de Philippe Petit. Ele ficou famosos nos anos 70 quando pendurou um fio na calada da noite entre os dois prédios do antigo World Trade Center, que mais tarde seriam atingidas pelos terroristas em 11 de setembro. Existe inclusive um documentário excelente sobre o fato, chamado O Equilibrista, que foi o vencedor do Oscar em 2008. Então é fácil ver como uma história tão improvável atraiu a atenção de Robert Zemeckis, o diretor de sucessos como Forrest Gump e De Volta para o Futuro.
No filme, acompanhamos Petit desde seu tempo de equilibrista de rua na França, quando tinha que sair correndo da polícia, passando por toda a sua preparação para seu grande feito. Ben Kingsley faz Papa Rudy, uma espécie de mentor do rapaz. O filme mostra então a descoberta de seu grande sonho que o faria passar para a história da cidade de Nova York. O filme não tenta transformá-lo em santo. Mostra especialmente suas loucuras e como se tornou obcecado por sua conquista. Mas nada se compara à parte final do filme, onde acompanhamos todos os possíveis problemas, que poderiam ter colocado um fim a esse sonho. Você passa a ficar totalmente obcecado também. Mesmo sabendo qual será o desfecho, é eletrizante. E, se você não sabe, será melhor ainda.
Joseph Gordon-Levitt é sempre um ator marcante. Tem gente que o acha fraco. Não estou entre elas. Aqui, assim como no filme que dirigiu e atuou, Como não Perder essa Mulher, ou especialmente em Looper: Assassinos do Futuro, como um Bruce Willis mais jovem, ele consegue ser especialmente inesquecível. Aqui não é diferente. O cabelo esquisito e as lentes de contato podem parecer fake, mas é só. Ele está ótimo. Mas claro, o grande destaque é o trabalho de Zemeckis, desde o início bucólico e romântico na França, até os momentos de absoluta tensão, com o uso incrível de efeitos especiais para a propriamente dita travessia.
Até agora, A Travessia já está na minha lista dos melhores do ano. Sim, é bom assim! E vale muito assistir!