Logo que terminei de assistir Peter Pan, que está em exibição nos cinemas, minha primeira pergunta foi: quem é o público desse filme? Porque ele tem momentos assustadores para as crianças menores, um pouco bobos para as maiores e umas cenas muito esquisitas com Hugh Jackman.
De qualquer maneira, acho que muita gente pensou como eu, pois o filme, que custou 150 milhões de dólares de produção, teve uma estreia considerada péssima nas bilheterias americanas (apenas 15 milhões num fim de semana prolongado). Rendeu 40.5 milhões globalmente, um número bem distante dos custos de produção mais os 100 milhões de divulgação. Estima-se que, para recuperar seus custos, o filme teria que render mundialmente algo por volta de 400 milhões. Só que a expectativa é que na verdade será um retumbante fracasso, deixando um buraco de 150 a 200 milhões no resultado final. A esperança é que a China, onde o filme estreia dia 22, salve a pátria, mas analistas não acreditam muito nisso, mencionando que o personagem não é tão popular por lá. No Brasil, por outro lado, o filme foi muito bem, e ficou em primeiro lugar na semana com mais de 11 milhões de reais de renda (mas com o dólar do jeito que está…).
Por causa da Comic Con de Nova York, acabei não postando o texto que escrevi sobre o filme. Então aí vai agora:
Não importa o quanto entrem e saiam os executivos dos grandes estúdios. Vira e mexe um deles vai querer fazer um filme com a história de Peter Pan. Só que geralmente eles não são enormes sucessos de bilheteria. Independente disso, pode ter certeza que sempre virá mais um. O último da história sai um pouco do clássico que conhecemos, com Peter levando Wendy e seus irmãos na Terra do Nunca. Nesta nova aventura de Peter Pan, a proposta é contar como o menino Peter chegou à Terra do Nunca. O vilão não é o Capitão Gancho. Muito pelo contrário, aqui ele é um amigo (Garrett Hedlund imitando Indiana Jones). Quem é realmente mau é o pirata Barba Negra, num dia realmente inspirado de Hugh Jackman.
Minha sensação ao assistir ao filme é uma mistura enlouquecida de gêneros. O início no orfanato parece saída do musical vencedor do Oscar, Oliver. Com aquela freira má, achei que a qualquer momento os garotos sairiam dançando. Quando Peter é raptado e levado para Terra do Nunca, parece que eles invadiram os domínios de George Miller em Mad Max: A Estrada da Fúria. Até a primeira aparição de Hugh Jackman parece uma versão MUITO mais bonita de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) daquele filme, quando aparece e começa a cantar a música do Nirvana. Também o filme inteiro me dá uma sensação de estar assistindo um show do Cirque du Soleil, com aquelas figuras estranhas, muita cor e tecidos.
O menino Levi Miller é lindo e se sai bem no papel principal. É realmente talentoso. Já Rooney Mara faz o papel de uma princesa indígena, o que provocou todos aqueles comentários revoltados por parte de grupos que pediam uma atriz com o perfil étnico da personagem Tigrinha. Não acho que isso seja um problema, só que lhe falta vida, como na maioria de suas atuações.
De qualquer maneira, o filme é belo, com efeitos e cenografia perfeitos. Pena que o diretor Joe Wright, de Orgulho e Preconceito (que eu adoro), parece que pretendia fazer algo grandioso demais, diferente demais, e no final é capaz de agradar a poucos…