Sou grande fã do cinema americano da época de ouro de Hollywood, os anos 30, 40 e 50. Assim como eu, os diretores de cinema (e vencedores do Oscar), os irmãos Joel e Ethan Coen, já demonstraram que também são. Filmes da dupla como Na Roda da Fortuna (1994), Ajuste Final (1990), Barton Fink: Delírios de Hollywood (1991) entre outros, já comprovaram isso. E agora, eles vão mais fundo ainda em Ave, César, que estreou esta semana nos cinemas. Apresentado no último festival de Berlin, é para mim, ao lado da refilmagem de Bravura Indômita (2010), o melhor filme da dupla.
Eles contam várias histórias com um ponto em comum, o executivo de estúdio de cinema, Eddie Mannix. Eddie realmente existiu, e era conhecido como uma “solução de problemas” para os grandes astros de Hollywood da época. E é exatamente isso que ele faz aqui, em situações de ficção, mas muito próximas de realidades, que foram descobertas muitos anos depois. Desde uma grande estrela solteira que está esperando um bebê e arma um verdadeiro esquema para adotar o próprio filho, até escândalos de casos entre astro e diretor.
Enquanto seguem a história, os irmãos Coen brincam e homenageiam grandes nomes/grandes momentos do cinema. Os números musicais são uma atração à parte. Channing Tatum usa seu conhecimento de dançarino para fazer uma variação de Um Dia em Nova York, com Gene Kelly, enquanto Scarlett Johansson homenageia Esther Williams na piscina. Além destes dois astros, há outros em participações especiais como Ralph Fiennes, Jonah Hill, Tilda Swinton. E tente reconhecer a esposa de um dos diretores (e vencedora do oscar), Frances McDormand, como uma montadora fumante e atrapalhada. Um momento que mais dei risada é a cena entre os dois ex-maridos de Diane Lane, Josh Brolin e Christopher Lambert (muita gente não vai nem reconhecer o ex-lindo astro de Highlander).
Além disso, nomes de celebridades verdadeiras como Clark Gable, por exemplo, também são citados. Aliás, como fã do cinema época, me diverti muito com várias referências que provavelmente passarão batidas pela maioria. Lembra de Carlota Valdez em Um Corpo que Cai? Rs! E por consequência, provavelmente não irão rir tanto como eu. Mas, de qualquer maneira, com ou sem familiaridade com o assunto, o filme é divertido, com boas interpretações de todo o elenco. Meu destaque especial vai justamente para o mais jovem deles, Alden Ehrenreich, que era meio fraquinho em Dezesseis Luas. Como o cowboy cantor Hobie Doyle (na música ele foi dublado pelo cantor folk Willie Watson), que tem sua primeira chance num “filme sério”, ele está ótimo, e reflete bem o olhar de vários atores do gênero na época.
Ou seja, pode não ser o mais popular dos filmes em cartaz, mas é bom demais!!