Os filmes com temas religiosos vêm tendo cada vez mais espaço nos cinemas, como já disse numa matéria anterior aqui do Blog. Mas depois do fracasso retumbante e injusto de Ben-Hur, é provável que não vejamos mais tantos assim no futuro. Este Últimos Dias no Deserto claramente não tem o objetivo de ser um sucesso de bilheteria ao contar uma versão do que teria acontecido nos 40 dias que Jesus passou no deserto. É denso, usa metáforas, e abusa dos silêncios, apesar de ter uma fotografia deslumbrante do deserto. Ou seja, não é diversão. E também não é uma boa opção para um dia em que você estiver cansado.
Segundo a sinopse, o filme é “livremente baseado no Novo Testamento”. Jesus Cristo (Ewan McGregor) viaja sozinho pelo deserto durante 40 dias de jejum e oração. Nessa jornada, ele enfrenta a personificação do Diabo (também interpretado por Ewan McGregor), que põe em dúvida o amor de Deus. Seu maior e mais dramático teste de fé virá de seu envolvimento com uma família que cruza seu caminho.
A família é composta por grandes atores: Ciaran Hinds, a atriz israelense Ayelet Zurer, de Anjos e Demônios e Munique, e também o jovem Tye Sheridan, ótimo desde menino quando o vi pela primeira vez em Amor Bandido. Os momentos de conflito proporcionados por esse núcleo familiar que recebe Jesus de braços abertos, são a melhor coisa do filme. Já os conflitos de Jesus, e a ideia de contrapor Jesus e Lúcifer talvez parecessem uma boa ideia no papel. Mas Ewan McGregor está tão apático em papéis que poderiam lhe render prêmios, que ele simplesmente parece que não está ali, que está cansado. Será que é a sua interpretação do momento de Jesus? De qualquer maneira, não me convenceu.
Fora do drama familiar, pouco acontece, parece que estamos andando junto a Jesus por quilômetros e quilômetros até que ele finalmente encontre uma surpresa (a velhinha com sede me fez despertar do marasmo total). Ou seja, é bonito, cansativo, diferente e por isso pode interessar a quem busca os ditos filmes “de arte”.