Muita gente ama os filmes de Tim Burton apaixonadamente. Apesar de admirar o seu estilo muito próprio, não sou uma dessas pessoas. Claro, tenho os meus favoritos, como A lenda do Cavaleiro sem Cabeça, Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas e também o recente Grandes Olhos. Mas creio que muitas vezes ele acaba se deixando levar pela loucura visual, sempre de tirar o fôlego, e não dá a atenção necessária para o roteiro e para o ritmo da história. É o caso de seu novo filme, O Lar das Crianças Peculiares, que está em cartaz nos cinemas. O filme é realmente lindo, mas…
Quando seu avô falece em circunstâncias misteriosas, o jovem Jacob começa a seguir pistas que ele teria deixado sobre um lugar mágico. Ao segui-las, Jacob acaba em uma ilha galesa, mas só encontra um orfanato abandonado. Só que é claro que nada é o que realmente parece, e o mistério e o perigo se aprofundam quando ele começa a conhecer o local e os seus moradores: crianças com poderes especiais chamadas de peculiares, além da Senhorita Peregrine, uma peculiar que comanda o orfanato e cuida de todos. Mas Jacob também conhece os inimigos poderosos de seus novos amigos, e, no final, descobre que apenas a sua própria peculiaridade especial poderá salvá-los.
O filme é baseado num livro muito popular de Ranson Riggs, que ainda escreveu duas sequências. Sua inspiração foram algumas fotografias antigas que ele achou numa feira de antiguidades, inclusive a de uma menina levitando. À primeira vista, essa história cheia de elementos curiosos e diferentes seria o projeto perfeito para Burton com o seu jeito que também pode ser chamado de peculiar. Ele se cercou de parceiros tradicionais, como por exemplo, Danny Elfman para a trilha sonora, e Collen Atwood com um magnífico trabalho (digno de Oscar) nos figurinos.
Só que com suas pouco mais de duas horas, o filme se tornou cansativo, além do problema de tirar de cena a melhor figura do filme, a Miss Peregrine, em sua parte final. Aliás, Eva que também trabalhou com o diretor anteriormente, em Sombras da Noite, é o grande destaque do filme, simplesmente linda e grande atriz. Quem leu o livro, falou de grandes mudanças feitas no filme. Não sei dizer se foram melhores ou piores, já que não li as três obras, entretanto o roteiro bem que poderia ter tido alguns ajustes. O que parece é que num determinado momento faltou “vida” ao filme, que somente Eva parecia brilhar. As crianças especialmente não se destacam, nem mesmo o protagonista Jacob, vivido por Asa Butterfield, que era o garotinho de A Invenção de Hugo Cabret. Será que foi intencional do diretor? É claro que o filme tem ainda Samuel L. Jackson, que como sempre, mas ele é sempre um mundo a parte em qualquer filme. Rs!
Com um orçamento de produção de 110 milhões, O Lar das Crianças Peculiares vai ter que chegar a pelo menos 300 para conseguir algum lucro e possibilitar a ideia de uma sequência. As perspectivas nos Estados Unidos é que nesse fim de semana de estreia (o lançamento é simultâneo com o Brasil), ele atinja 25 milhões, um número razoável. Se você vai embarcar no filme, depende muito de quanto você é fã do estilo de Tim Burton, com seus exageros visuais e personagens sempre um pouco diferentes. Eu achei que o filme é… bonito! E não mais que isso.