Não sou uma pessoa muito religiosa, mas admiro o Papa Francisco desde que ele foi eleito. Creio que representa um frescor, uma humildade real que é bem difícil de ver hoje em dia. E era lógico que não tardaria a aparecer um filme sobre sua vida. Papa Francisco: Conquistando Corações, uma produção argentina/espanhola de 2015, chegou esta semana aos nossos cinemas. Quando foi lançado na Argentina naquele ano, diz a lenda que em algumas sessões quando na tela se anunciava “Temos Papa”, as pessoas levantavam e aplaudiam. Na pré-estreia onde vi o filme essa semana, não chegou a ter “aplauso em cena aberta”, mas no final do filme as muitas freiras presentes bateram palmas por um longo tempo.
É inegável mesmo para aqueles que não são católicos fervorosos que Francisco, ou Padre Jorge como era chamado em Buenos Aires, é uma personalidade fascinante. E por mais que o ator Dario Grandinetti, de Fale com Ela, não seja parecido com o Papa, ele consegue passar a sua doçura, força e bom humor. O livro tem como fio condutor a amizade do Papa com a jornalista Ana (a atriz Silvia Abascal retornando após um derrame sofrido em 2011), que está escrevendo uma biografia dele. Dessa forma, acompanhamos a juventude do jovem Jorge Mario Bergoglio, desde o momento em que resolve se tornar padre, bem como suas namoradas da juventude. Infelizmente o filme desenvolve mal esses momentos. Não consegue demonstrar como esses momentos foram marcantes em sua vida. Tudo parece simplesmente mencionado, ou seja o que realmente o motivou a desistir de ser médico para ser padre, deixando a história confusa.
As idas e vindas em diversas fases da vida do Papa também podem confundir alguns. Os fatos são pinçados em diferentes momentos da vida dele, alguns sem grande relevância. Realmente, não sei se isso é um defeito do livro Francisco: Vida e Revolução, de Elizabetta Pique, que é obviamente a Ana do filme, ou simplesmente do roteiro.
Mas é claro que tudo isso fica em segundo plano quando você leva em conta a força da personalidade do Papa Francisco. O momento em que seu nome é anunciado como o escolhido dos cardeais é emocionante. Suas tiradas e resoluções são ao mesmo tempo divertidas e profundas. Ou seja, quando você tem um personagem tão carismático e interessante já tem meio caminho andado para fazer valer o ingresso.