A experiência de ver Glenn Close como Norma Desmond no musical Sunset Boulevard na Broadway é um daqueles momentos que você nunca mais vai esquecer. Mesmo que já tenham se passado 20 anos. É uma total entrega de uma grande atriz a uma personagem tão enlouquecida, e caiu como uma luva para Glenn, que está de volta a Broadway agora fazendo um revival da peça até 28 de maio. Se tiver a oportunidade, não perca. Essa notícia é mais uma desculpa para celebrar a carreira de Glenn, que completa 70 anos hoje, e que em breve poderá vista no cinema em Guardiões da Galáxia Vol. 2
Quando a vi pela primeira vez, em O Mundo segundo Garp, que lhe deu sua primeira indicação para o Oscar, não poderia imaginar que ninguém mais poderia fazer mulheres enlouquecidas de maneira mais perfeita do que Glenn. Isso é um grande elogio, já que cair na caricatura (e escorregar nela) é algo muito fácil nesses casos. Sim, ela também fez brilhantemente outras calmas e tranquilas. Além de Garp, são inesquecíveis suas atuações em O Rencontro e Um Homem Fora de Série, por exemplo, que também lhe valeram indicações para o Oscar, que ela injustamente não ganhou até hoje.
Mas é claro que as doidas são as melhores, não é? Além de Norma Desmond no teatro (comenta-se que o musical pode se transformar em filme em breve), listei aqui as cinco malucas que ninguém poderia ter feito melhor do que Glenn Close. Parabéns pra ela!
1 – Alex Forrest em Atração Fatal (1987)
Sempre achei que este tinha que ter sido o papel que deveria ter dado o Oscar para Glenn. Mas ela perdeu para Cher (O Feitiço da Lua) que por sua vez estava ganhando um prêmio de consolação por não ter sido sequer indicada alguns anos antes com Marcas do Destino. Glenn estava simplesmente perfeita como a psicopata que tem um caso com um homem casado (Michael Douglas), mas que fica doida quando ele se arrepende e não quer mais vê-la.
2 – Cruella de Vil em 101 Dálmatas (1996)
Um dos maiores sucessos de sua carreira, Glenn quase recusou o papel de Cruella, uma das maiores vilãs da Disney, por causa justamente de seu compromisso com Sunset Boulevard no teatro. Mas com o atraso do início das filmagens (e a recusa de Sigourney Weaver), ela finalmente pode aceitar o desafio. Depois ela ainda participaria da sequência, 102 Dálmatas.
3 – Marquesa de Merteuil em Ligações Perigosas (1988)
A Marquesa não era propriamente louca. Era só má e invejosa mesmo. Em mais um papel indicado ao Oscar, Glenn brilhou nesse clássico dirigido por Stephen Frears, como uma viúva, que ao lado de seu ex-amante (John Malkovich) aposta que pode corromper uma jovem recém-casada. Uma curiosidade: Glenn só começou a filmar bem depois dos demais porque tinha acabado de dar a luz à sua filha.
4 – Férula de A Casa dos Espíritos (1993)
Muita gente fala mal do filme, mas eu (que não li o livro), confesso que gosto. Tem brilhantes duelos de atuação de Meryl Streep com Glenn, que tem aqui uma de suas personagens mais trágicas, Férula. Veja a descrição de Isabel Allende: “Era um desses seres nascidos para a grandeza de um só amor, para o ódio exagerado, para a vingança apocalíptica e para o heroísmo mais sublime, mas não conseguiu realizar seu destino à medida da sua romântica vocação, e esse destino decorreu chato e cinzento, entre as paredes de um quarto de enferma, em míseros asilos, em tortuosas confissões, onde essa mulher grande, opulenta, de sangue ardente, feita para a maternidade, para a abundância, a ação e o ardor, se foi consumindo.”
5 – Gertrude de Hamlet (1990)
Um dos papéis mais famosos e dúbios de toda a obra de Shakespeare, Glenn fez uma Gertrude nervosa no filme de Franco Zeffirelli e com Mel Gibson no papel-título. A sua Gertrude nos deixa ainda mais em dúvida sobre o quanto Gertrude sabia sobre o assassinato do primeiro marido. Ela demonstra mais uma vez a grande atriz que é , especialmente na hora de sua morte.
E é claro que Norma Desmond não poderia faltar. Aqui, na festa do Tony, que Glenn ganhou com Sunset Boulevard, ela apresenta o momento que eu mais gosto da peça, As If we Never said Goodbye. Maravilhosa