É um experiência interessante entrevistar alguém que está basicamente em seu primeiro filme, e já é o protagonista. Você não tem um histórico cinematográfico para apoiar , e nem uma história de vida. Na verdade, quando entrevistei Dacre Montgomery, que faz o Power Ranger vermelho, em outubro durante a Comic-Con de Nova York, não tinha nem mesmo visto o filme Power Rangers, que estreia nesse dia 23, somente o trailer que havia sido lançado com grande barulho nas redes sociais. Mas nós acabamos conseguindo nos entender, ele foi extremamente simpático, apesar de visivelmente nervoso. Isso era de se esperar, já que na época tinha apenas 21 anos, e tinha vindo de sua terra natal, a Austrália, para começar uma série de entrevistas com jornalistas de várias partes do mundo.
Naquele momento ele não me disse, mas posteriormente, quando conversei com o diretor do filme, Dean Israelite, ele me contou que numa época em que trabalhou na Austrália, Dacre participou ainda menino de um de seus filmes experimentais. Quando Dacre fez o teste para ser Jason, o Power Ranger vermelho, as coisas devem ter sido mais fáceis para ele, o que é natural quando se conhece o diretor.
Desde então, cinco meses passados, Dacre já conseguiu um novo papel que também deve lhe dar destaque, já que será um dos atores da badalada Stranger Things em sua segunda temporada. Mas uma coisa é interessante notar depois de ver o filme. Dacre demonstra talento já “carregando” o filme de maneira exemplar. Sim , ele tem carisma, é bonito (em alguns momentos até lembra Zac Efron), e também foi muito simpático. Abaixo o nosso bate-papo:
Blog de Hollywood – Você veio de uma família que sempre esteve envolvida no negócio de cinema. Começou esse contato com os sets ainda criança?
Dacre Montgomery – Sim, minha mãe era uma primeira diretora assistente. Meu pai era um especialista em som. Então eu cresci frequentando sets de filmagem. Quando tinha mais ou menos 10 ou 11 anos, eu comecei a ter interesse em aprender, e a fazer testes. E isso foi acontecendo durante dez anos até que Power Rangers apareceu. Foi praticamente o primeiro papel que consegui.
BH – Você ainda vive na Austrália?
DM – Eu morava em Perth (cidade onde ele nasceu). Quando volto para lá, fico com minha família. Mas viajo bastante então ainda não tenho um lugar certo. Agora estou em Los Angeles, o filme foi rodado em Vancouver. Também fiquei um tempo em Sydney, tenho bons amigos lá.
BH – E você era fã dos Power Rangers quando era criança? Assistia a série?
DM – Sim, eu assistia. Mas para mim o que importa é a ideia de um super-herói. Power Rangers, Batman, Superman. Eu adoro o que ele representa.
BH – Então como foi o momento em que você recebeu o telefonema dizendo “Você quer ser o Power Ranger vermelho?”?
DM – Foi incrível. Imagine, eu estava sentado lá e então…mas era um projeto tão grande. Eu ia fazer um super-herói! E muitas pessoas se espelham em super-heróis. Eu tinha que ser realmente muito responsável sobre isso, e trabalhar duro, me esforçar para que fosse bem recebido. E eu me dediquei completamente. Espero que isso apareça na tela.
BH – Há um tempo atrás eu entrevistei Jack Huston por causa de Ben Hur, e quando eu fiz essa pergunta sobre o telefonema, ele me disse “as coisas não foram tão simples”…
DM – É, realmente não são. Foi um processo longo de filmagem. E para mim, um novato, eu tive muito o que aprender. A cada dia eu aprendi coisas novas, desde o processo do teste, até o final das filmagens, tudo foi difícil, mas bom.
BH – E como foi o processo de ser o novato nessa grande produção, que tem uma enorme quantidade de fãs.
DM – Acho que foi realmente uma grande mudança. De repente, você está nesse mundo onde está rodando um grande filme, há muita gente que está interessada em você, no seu papel no filme. Mas para mim, eu tinha que me concentrar em trabalhar, e aproveitar o máximo de uma situação que se apresentou para mim, porque tive o privilégio de ter essa oportunidade. E gerenciar tudo isso, afinal como tudo na vida, há mudança, você cresce, seus relacionamentos mudam e também como você vive a sua vida. E agora estou pensando o que quero fazer a seguir, e planejando…
BH – Você ainda é o mais popular dos Power Rangers, o vermelho, Jason. E ele ainda é o líder do grupo.
DM – Sim, pelo roteiro ele ainda é o líder, mas para mim, trabalhar com os outros quatro Power Rangers sempre foi uma questão do grupo, uma colaboração entre todos. Eu pensava, o que podemos fazer juntos, o que eu posso aprender com eles para fazermos o melhor juntos para um filme que é sobre cinco Power Rangers e não sobre um.
BH – E no set, você já se conheciam, como era o clima?
DM – O clima era ótimo. O diretor é um cara incrível. O sets que eles construíram eram enormes. uma grande nave espacial, tanques de água. Mas a cada dia você acordava e não sabia direito o que ia encontrar.
Bh – E você teve que se preparar fisicamente de forma especial?
DM – Sim ,eu fiz um treino especial na Austrália por 2, 3 meses antes de começar a filmar. Com boxe, artes marciais, muita ginástica, ioga, um mix de tudo. Tive que mudar minha dieta. Não somente para estar bem, mas eu também achei importante saber, por exemplo, como as artes marciais funcionam, como aprender a lutar. Então quando você chega ao set, você sabe como se resguardar. E tudo isso ajuda você a se manter durante uma filmagem de 17 horas por dia 7 dias por semana por quatro meses. Você tem que estar mentalmente e fisicamente preparado para que possa se dar 100%.
BH – O filme tem participações de Bryan Cranston e Elizabeth Banks. Você teve oportunidade de atuar com eles?
DM – Bryan tem esse papel meio patriarcal, já que ele lidera os Power Rangers. As suas cenas utilizam muitos efeitos visuais, CGI. Não houve muito contato com ele, mas eu trabalhei com Elizabeth Banks, que foi incrível. Eu acho que ambos estão há tanto tempo na indústria, que sempre trazem algo para o set, e você sempre aprende com eles, porque eles fazem ótimas escolhas.
BH – E houve algum momento especial no filme, que você pode dizer para as pessoas, “prestem atenção naquela cena porque é a minha favorita”?
DM – Sim, há uma cena quase no final do filme com os cinco Power Rangers. Eles são todos amigos agora, tem seus poderes, e eles se juntam, é muito emocionante. Eles conseguiram passar por tudo, e estão juntos na nave. Nós filmamos quase no final de tudo, então nos juntamos, nos abraçamos, choramos. O relacionamento que os Power Rangers tem no filme é o mesmo que temos fora dele. Nós havíamos nos tornado amigos naquele ponto. Foi um belo momento.
BH – O trailer foi lançado hoje (outubro de 2016) e a sensação que tenho é que ele tem uma certa maturidade com relação à série. Você acha isso?
DM – Sim, você tem efeitos especiais incríveis, bem diferentes dos que existiam na época da série. Mas mais do que isso, gostei muito do fato de ser uma história sobre crescimento, sobre adolescentes sem rumo que se conhecem e se tornam amigos. Há algo muito bonito em sua jornada. E o público vê isso. Ele vê a nossa mudança e no final nem é tanto sobre os Power Rangers, é sobre aqueles jovens, com quem eles podem se identificar.
BH – Sim, e eu vi que também há um beijo…
DM – Sim, meus amigos da Austrália já me mandaram mensagens.. Rs. Sim, há um pouco de romance.
BH – Os brasileiros são grandes fãs de Power Rangers. Você já esteve no Brasil?
Dm – Não. Eu adoraria. E eu também quero agradecer aos fãs brasileiros porque uma enorme parte dos fãs dos Power Rangers originais, e que vem dando um retorno muito positivo para nós, são do Brasil. E esse suporte tem sido encorajador. Receber mensagens de lá dizendo que estão muito entusiasmados com o filme e que desejam o melhor é incrível. E eu espero que todos os fãs gostem do filme. Que nós tenhamos feito justiça ao que eles amam mesmo sendo uma reimaginação
Power Rangers estreia nessa quinta, e você terá a análise do filme nesse dia 23 aqui no Blog de Hollywood.