Às vezes, a gente deixa passar alguns filmes na época em que são lançados. Seja por falta de oportunidade, correria do dia a dia, ou até por um pouco de falta de vontade não admitida. Esse para mim foi o caso de Trainspotting, dirigido por Danny Boyle, e considerado um clássico ao relatar o comportamento rebelde dos anos 90. Com a estreia de T2 Trainspotting essa semana nos cinemas, entretanto, não dava mais para adiar. Assisti o primeiro filme, que está disponível na Netflix, para poder opinar sobre o segundo. A seguir, o que achei de ambos:
Trainspotting (1996)
Quando foi lançado nos anos 90, Trainspotting foi um grande sucesso no circuito alternativo, foi indicado ao Oscar de roteiro, e transformou as carreiras de todos os envolvidos. Tanto o diretor Danny Boyle, que acabou ganhando um Oscar com Quem quer ser um milionário? , como os atores do elenco – Ewan McGregor se transformou em astro, Jonny Lee Miller é hoje o Sherlock da TV, Kevin McKidd foi ser médico de Grey’s Anatomy, Robert Carlyle se mudou para Storybrooke (Once Upon a Time) e Ewen Bremmer está em vários filmes e séries (por exemplo, será Charlie em Mulher Maravilha).
O filme mostra ao dia a dia de jovens amigos sem rumo na Edimburgo da época. Eles se drogam muito, não conseguem trabalho (e não parecem estar muito interessados), até que aparece a oportunidade de um grande golpe, que poderá lhes dar muito dinheiro, mas…
Obviamente, Trainspotting é muito bem dirigido, mas você tem que ter estômago forte para assistir. É provavelmente o mais nojento filme que já vi na vida. Não importa que a cena do pior banheiro do mundo tenha sido feita com chocolate. Ainda assim, é um horror. Aliás, a maioria das cenas é uma descida aos infernos, com exibição constante de todo o tipo de fluídos corporais. E ainda, a cena do bebê… Se você está preparado, pode assistir uma história muito bem filmada. Mas eu confesso que nunca mais quero ver novamente.
T2 Trainspotting (2017)
Assim como na vida real, 20 anos se passaram para os personagens de Trainspotting. Todos os atores estão de volta, bem como o diretor. Tudo começa com o retorno de Renton (Ewan McGregor) para Edimburgo, após todo esse tempo vivendo na Holanda. Os reencontros com os amigos da época tem seus momentos de altos e baixos. E não demora para que velhos hábitos retornem.
Obviamente, o carinho de Danny Boyle com Trainspotting é visível na sequência. Você acredita que aquele realmente poderia ter sido o destino daqueles personagens. Franco (Robert Carlyle) está na cadeia, Simon (Jonny Lee Miller) continua a ser incompetente dando golpes com a ajuda da namorada, e Spud (Ewan Brenner) tentou se acertar, mas foi prejudicado pelo horário de verão. E a situação de Renton não é muito melhor. Não há mais tantas cenas nojentas, só uma ou duas. Tem uma até divertida durante uma convenção no meio da história que ajuda a deixar tudo mais leve. Mas o certo, é que no final, apesar do filme ser bom, cheguei à conclusão que nunca vi nada tão deprimente no cinema.
Talvez o meu problema foi ter visto o primeiro Trainspotting fora de época. E no final. não ter a menor empatia com esses personagens. Quem sabe para você ele funcione de maneira diferente…