Eu gosto de um bom novelão. Mas confesso que nunca imaginaria ver um novelão vindo da Alemanha , que não tem grande tradição na área. Especialmente porque foi escrito e dirigido por alguém que é conhecida por filmes de arte como Anos De Chumbo (1981) e Rosa Luxemburgo (1986), Margarethe von Trotta. Mas, depois de fazer parte da Seleção Oficial do Festival de Berlim, O Mundo Fora do Lugar, que está nos cinemas, é exatamente isso. Gostar ou não vai depender de quanto você gosta, ou pode relevar alguns fatores, para embarcar no gênero.
Tudo começa quando Paul Kromberger se depara na internet com uma fotografia da diva da ópera americana Caterina Fabiana, uma mulher aflitivamente parecida com sua já falecida esposa Evelyn. Em pouco tempo, sua inquietação a respeito da semelhança das duas é transferida a sua filha, Sophie, que, a seu pedido, resolve cruzar o Atlântico para encontrar essa mulher (o fato das coisas serem tão fáceis é uma característica básica de um bom dramalhão. Rs!). Em um primeiro encontro, nem Caterina nem Sophie parecem entender bem o que está acontecendo. Mas pouco a pouco vêm à tona segredos que vinham sendo guardados por décadas.
O filme tem um grande problema, que é Barbara Sukowa (Caterina). Sim, ela é uma grande e reconhecida atriz (esteve recentemente em Hannah Arendt, também dirigida por Von Trotta). Mas o problema é que ela, aos 67 anos, está muito velha para o papel. E isso leva ao expectador achar que a história poderia ir por um outro caminho. Não vou estragar as surpresas (mais ou menos) do roteiro, mas ela parece muuuito mais velha que Katja Riemann (Sophie), que apesar de já ter passado dos 50, parece bem mais jovem. E isso cria um problema para a história.
E também como todo o novelão, a jornada de Sophie tem alguns lugares comuns. Ninguém a considera uma “stalker”, ou fã enlouquecida, pela maneira como ela cerca Caterina (talvez isso não exista na Alemanha). E Sophie, sem fazer nada, ainda por cima conquista um bonitão (Robert Seeliger, como Philip) logo à primeira vista, que vai ajudá-la sem fazer perguntas…
Fora isso, como gosto do gênero, acabei relevando quase todos esses probleminhas, e o filme não me cansou. Além disso, tem uma bem-vinda surpresa. A atriz que faz o papel de Rosa, é ninguém menos do que Karin Dor, a atriz de Topázio, de Hitchcock, que ainda está belíssima aos 79 anos.