O tema de violência contra a mulher vem tendo uma visibilidade ainda maior nas últimas semanas com casos de grande repercussão pelo envolvimento de famosos e mesmo virando tema de reality show. É muito triste que tais situações ainda continuem a acontecer na vida real. Por coincidência, também chegou aos cinemas uma história sobre o assunto esta semana. Una, baseado na peça Blackbird de David Harrower, é estrelado pelo ótimo Ben Mendelsohn e por Rooney Mara.
Eles são Ray e Una , um casal que já teve um complicado relacionamento quando ela tinha apenas 12 anos. Quinze anos depois, eles se reencontram e Ray é confrontado com o passado quando ela chega sem avisar em seu escritório buscando respostas sobre o abuso que sofreu. Ray agora tem uma nova vida e até um novo nome, mas com esse inesperado reencontro, os dois vão precisar revisitar sua relação, que trará memórias enterradas e desejos inconfessáveis de um amor doente e impossível.
Segundo o diretor Benedict Andrews, seu objetivo ao aceitar dirigir o filme era claro. “Queria examinar resolutamente o centro de uma relação em crise e chegar até a cicatriz. Eu queria estar desconfortavelmente próximo dos personagens, investigar o nó de desejo, abuso, culpa e nostalgia que os une. Quis evocar a intensidade claustrofóbica de um pesadelo, misturada com a intimidade carinhosa de um caso de amor. Quis ir fundo nos personagens, nas lembranças que os assombram, nas contradições que os dividem, nos lugares que machucam.”
O que na peça estava restrito somente às cenas do presente, no filme ganha uma outra tonalidade com os momentos do passado. Isso o torna mais chocante e ainda mais impressionante ver a interpretação de Ben Mendelsohn. Manipulador, apaixonado, covarde, ele é a razão de ser do filme. Por outro lado, a interpretação de Rooney Mara, com a Una adulta com sua frieza e falta de empatia, compromete até mesmo a história. De qualquer maneira, é um roteiro poderoso, que resulta em um filme incômodo e triste. Ainda mais hoje em dia.