Sempre costumo dizer que política, religião e os costumes de cada povo, não devem ser discutidos. Muito menos em redes sociais e entre amigos. Por isso é tão difícil falar sobre A Garota Ocidental, que está em cartaz nos cinemas. Para meus olhos ocidentais, é inconcebível que ainda nos dias de hoje uma história como essa aconteça tanto nas telas quanto mais na vida (o filme é baseado em fatos reais).
Trata-se de uma produção belga, que mostra o momento de uma família paquistanesa que vive na Bélgica. A jovem Zahira engravidou de seu namorado, e a família insiste me um aborto, para que ela possa ser encaminhada para um casamento com um dos três jovens escolhidos por eles. Só que a jovem não só não quer tirar o filho, como também não aceita o fato de se casar com alguém que só viu uma vez por Skype. O problema é que a família também não aceita sua posição, com o risco de perder sua honra e respeito na comunidade.
Segundo o diretor e roteirista Stephan Streker, “eu descreveria a história como uma tragédia grega porque, assim como as tragédias gregas, é a situação que é monstruosa e não as pessoas. Eu estava mais interessado nos dilemas de cada personagem. Os laços que unem os membros dessa família são de amor verdadeiro e, ainda assim, eles ficam de lados opostos.”
A história mantém o interesse todo o tempo, com um elenco talentoso, que sabe defender seus personagens com garra, mesmo nos momentos aparentemente mais absurdos. Ninguém é vilão ou mocinho, apenas pessoas tentando fazer o que acreditam ser melhor. Eu fiquei “no chão” com o discurso sobre mulheres solteiras do pai de Zahira. Preste atenção, é incrível!
Outro grande destaque é a intérprete de Zahira. Mais ainda porque foi feita pela estreante Lina El Arabi. “Eu li o roteiro de uma vez só e, quando acabei, estava chorando. Para mim, o mais difícil foram as aulas de urdu, especialmente porque eu não estava acostumada a trabalhar tão detalhadamente os meus textos e era necessário para não cair em nenhum tipo de sotaque preconcebido”.
Você vai se emocionar, ou se revoltar, ou ainda ambos, mas com certeza não vai ficar indiferente.