Grande vencedor do Festival de Gramado, que acabou no último fim de semana, Como Nossos Pais levou os Kikitos de Filme, Ator (Paulo Vilhena), Atriz (Maria Ribeiro), Atriz Coadjuvante (Clarice Abujamra), Diretor ( Laís Bodansky) e Montagem (Rodrigo Menecucci). É com certeza um belo filme, que já participou da Mostra Panorama do Festival de Berlim, e também foi eleito o melhor pelo público do Festival do Cinema Brasileiro de Paris. É um daqueles filmes que toca pessoas de qualquer nacionalidade, e deve ser visto.
Ele conta a história de Rosa (Maria Ribeiro), uma mãe de família que tenta dar conta de suas obrigações pessoais e profissionais. Ela se ressente da falta de apoio do marido com as rotinas domésticas, se arrepende de não ter seguido seu sonho de se tornar uma dramaturga, a mãe (Clarice Abujamra) não lhe dá apoio, o pai (Jorge Mautner) vive em um universo todo particular. Só que durante um almoço de domingo, a mãe (Clarice Abujamra) faz uma revelação bombástica, que a faz questionar sua identidade e relação com todos ao seu redor.
É claro que em alguns momentos os diálogos têm aquele tom de discurso teatral, tão comum no cinema brasileiro, mas isso não incomoda tanto, já que a sinceridade e os problemas reais desses personagens proporcionam uma identificação quase imediata com o público. O desejo de todos de fugir da vida igual à “de nossos pais”, provoca momentos em que cada vez mais os personagens acabem se vendo em situações similares. Esse é um triunfo da direção e do roteiro de Laís Bodansky, num filme de pequenos dramas do dia a dia. Não vou entrar na discussão de boa parte da crítica se o filme é feminino, feminista, com o uso daquela palavra horrorosa da moda (empoderamento). Ele é simplesmente sobre pessoas e relacionamentos.
Maria Ribeiro não é uma atriz que eu admire, acho que na maioria das vezes, ela tem sempre a mesma expressão. Mas realmente aqui ela está num momento diferente, reconhecendo inclusive em entrevistas que Rosa é o papel de sua vida. Concordo. Já Paulo Vilhena é o mais fraquinho do elenco, mesmo que sua interpretação tenha uma certa dualidade interessante que não deixa você perceber qual o real comprometimento do marido.
O certo é que ao lado de Soundtrack, Bingo: O Rei das Manhãs e O Filme da Minha Vida (para mim ainda o melhor deles), Como Nossos Pais está num patamar interessante de bons filmes que o cinema brasileiro vem oferecendo ao público este ano.