É difícil fazer uma análise sobre Mãe!, o filme badaladíssimo de Darren Aronofsky, e estrelado por Jennifer Lawrence, que estreia amanhã nos cinemas. Isso porque é um filme de extremos, e gostar ou não do filme vai depender muito da forma como você vê a vida, a morte, a religião, a ecologia, a maternidade. O filme tem algo a dizer para todas as tribos e tendências. Mas é impossível não dizer que a meia hora final é um chute na boca estômago. O próprio diretor chegou a pedir desculpas para o público antes de uma de suas primeiras exibições em festivais. Tem cenas (bem) fortes, e para quem sofre de claustrofobia como eu, pode ser um pesadelo. Entretanto, eu fiquei pensando nele por vários dias, em possíveis teorias, ou no que o diretor (que também é roteirista) poderia estar tentando dizer com uma ou outra cena, além do final, é claro. Acho, que no final, é possível dizer que você pode até não gostar de Mãe!, mas não vai conseguir tirá-lo da cabeça.
Para que não haja spoilers, que podem tirar a sensação da descoberta e da interpretação própria, o melhor é falar pouco sobre a história. Jennifer Lawrence e Javier Bardem são um casal que vive afastado de tudo. Enquanto ele tenta escrever seu mais novo trabalho, ela está remodelando a casa que um dia sofreu um grande incêndio. Até que uma noite, um homem estranho (Ed Harris) chega, depois sua esposa (Michelle Pfeiffer), e mais um monte de gente que começa a querer destruir a casa.
Falar mais é estragar a surpresa. O diretor tem uma considerável experiência tanto com filmes religiosos, como com produções que tem uma mensagem de proteção à natureza. Noé foi um grande sucesso. Além disso, ele também gosta de abordar os lados negros das mentes de seus personagens, como no caso de Cisne Negro. Tudo isso tem que ser levado em conta enquanto você estiver assistindo o filme. E aí você pode tirar sua própria conclusão.
Jennifer Lawrence já disse em entrevistas que o filme exigiu tanto dela emocionalmente que pretende tirar umas boas férias. Em todo o caso, a atriz tem uma boa atuação, mas não arrebatadora, como por exemplo a de Natalie Portman em Cisne Negro, ou ainda a de Ellen Burstyn em Réquiem para um sonho, ambos dirigidos por Aronofsky. Quem arrebata é Michelle Pfeiffer, sedutora como sempre, mas incômoda como nunca vi antes. Você fica querendo mais cenas, mais olhares penetrantes. Uma atriz em estado de graça.
O filme não foi bem nas bilheterias americanas, mas é óbvio que não é para todos os públicos. Não tem momentos fofos como It: A Coisa, nem o susto fácil de Annabelle. Ele vai muito mais fundo, e incomoda. Muito. E por isso é tão interessante.
E aguarde o vídeo de minha entrevista com Darren Aronofsky, que esteve no Brasil para divulgar o filme. Logo, logo, estará aqui!