De vez em quando aparecem no cinema aqueles filmes que não só emocionam como também mostram situações que são verdadeiros ensinamentos para o nosso dia a dia. Esse é o caso de Extraordinário, baseado no best de seller de R. J. Palacio (disponível no Brasil), que estreia essa semana nos cinemas, e merece ser visto – com um lenço à mão.
A produção dirigida por Stephen Chbosky (de As Vantagens de Ser Invisível, também roteirista) e retrata a vida do garotinho Auggie Pullman (Jacob Tremblay, o garotinho adorável de O Quarto de Jack), que nasceu com uma séria síndrome genética que o deixou com deformidades faciais. Isso fez com que ele passasse por diversas cirurgias e complicações médicas ao longo dos seus poucos anos de vida, sendo inclusive alfabetizado por sua mãe, Isabel (Julia Roberts) . Com a ajuda dela, do pai, Nate (Owen Wilson) e da irmã, Via (Izabela Vidovic), o menino procura se adequar a uma nova rotina quando ingressa pela primeira vez numa escola convencional. Mas é claro que não será uma jornada fácil.
A história é narrada sob vários pontos de vista, assim nos faz viajar ainda mais na experiência de Auggie. Em tempos de tantas notícias ruins, assédios, violência, preconceito, corrupção, faz bem ver o que os americanos chamam de um “feel good movie”, ou seja um filme que faz a gente se sentir bem quando ele termina. É claro que também ele não evita assuntos espinhosos, como a negligência a um filho porque o outro necessita mais, a necessidade de fazer parte de um grupo, o preconceito, mesmo que momentâneo em alguns casos, com alguém que é diferente, a perda, a vontade de desistir, o perdão e, é claro, o bullying.
Só que tudo isso é feito com delicadeza, embalado pela voz doce de Jacob Tremblay (vou sentir falta dela quando ele ficar mais velho). Aliás, sua atuação faz com que você se apaixone de cara por Auggie. Como os pais do menino, é sempre bom ver Julia Roberts em cena – ela é sempre ótima – e uma grata surpresa ver como Owen Wilson pode ser eficiente, sendo divertido dentro dos limites apenas para levantar a moral da família, nem um tantinho a mais. Além deles, todos estão bem, Izabella Vidovic como a irmã, o incrível e lindo garotinho Noah Jupe como o melhor amigo Jack Will, e as participações especiais de Mandy Patinkin e Sonia Braga, que tem só uma cena, mas que é marcante.
O mais admirável do filme, entretanto, é que ninguém é totalmente ruim, todos são tratados com respeito no roteiro, próximo do que queremos acreditar que é a realidade. E no final, perceber que todos nós queremos ser um pouco como Auggie, pertencer a um grupo, ser reconhecido pelo esforço. Seu reconhecimento desperta no público uma sensação de felicidade extrema e emoção.
Lembra do lenço?