Com tantas discussões hoje sobre direitos de mulheres, é interessante conhecer a história de Lou Andreas-Salome. Ela foi uma filosofa, poeta, romancista e psicanalista, que viveu na Alemanha no fim do século 19 e início do século 20. Eu já tinha ouvido falar sobre a história de Lou, e sua amizade com os maiores pensadores da época, mas pouco sabia sobre sua obra e sua determinação. E aprendi muito com o filme alemão Lou, que estreou hoje nos cinemas.
Ele conta a história em flashback, quando Lou, já uma senhora, contrata um rapaz para escrever as suas memórias, enquanto a ameaça nazista cresce na Alemanha. Assim , é possível acompanhar sua infância, com o amor total pelo pai, sua primeira desilusão com um mestre quando adolescente, e logo depois sua ida para a Alemanha já adulta, onde conhecerá, e se envolverá, com gente como Friedrich Nietzsche , Sigmund Freud , Paul Rée e Rainer Maria Rilke. Algumas dessas relações inspiraram ensaios considerados fundamentais da escritora como A Humanidade da Mulher e Reflexões sobre o Problema do Amor.
O filme é uma grande biografia, contada de uma forma que é fácil seguir, com fotografia belíssima – repare nos desenhos que abrem cada novo capítulo da vida de Lou. A atriz Katharina Lorenz, que faz Lou na idade adulta, e que domina a maior parte do tempo, consegue demonstrar um perfeito balanceamento entre a intelectual, e depois, a mulher fatal, que fascina todos os homens que cruzam seu caminho. Além dela, outras atrizes também funcionam perfeitamente nas diversas fases da vida da personagem – Helena Pieske quando menina; Liv Lisa Fries, aos 17 anos e por fim, a densa Nicole Heesters aos 70.
Lou viveu a vida à sua maneira, algo impensável naquele período. Estudou muito, viveu com grande liberdade. De alguma maneira, também sofreu, especialmente no final da vida, o que deixa um certo gosto amargo quando o filme termina. Mas de qualquer maneira, não é um filme para grandes públicos, mas para quem admira o fascínio da busca pelo conhecimento, com certeza ficará feliz por conhecer mais sobre essa mulher tão especial, que revelou sua forma de pensar em um de seus trabalhos.
Ouse, ouse… ouse tudo!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda… a roubá-la!
Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!