No primeiro momento em que foi anunciado que Steven Spielberg, Meryl Streep e Tom Hanks iriam se juntar para um filme, todo o mundo ficou na expectativa. Afinal, são três dos mais respeitados e premiados profissionais de cinema. O resultado, The Post: A Guerra Secreta, chega amanhã (25) aos cinemas. E é um filmão!
Ele conta a história de um famoso episódio que aconteceu nos anos 70 nos Estados Unidos. Documentos censurados são roubados por Daniel Ellsberg (Matthew Rhys). Eles comprovavam o conhecimento de vários presidentes da república sobre a impossibilidade de se ganhar a guerra do Vietnã, além de vários outros confrontos na Ásia. Mas, que mesmo assim, continuavam a enviar soldados mesmo assim, para não reconhecer a derrota. Esses papéis acabam nas mãos dos jornalistas do New York Times e do The Washington Post. Mas enquanto o Times tem que enfrentar o governo nos tribunais, o Post, enfrentava outros problemas. A dona do jornal, criada para ser uma “dondoca”, Katherine Graham (Streep), enfrenta ainda problemas financeiros e de poder, depois que assume a direção do jornal. Ao seu lado, entretanto, ela tem seu editor, Ben Bradlee (Hanks), sempre em busca da verdade e respeitando as raízes do jornalismo. Decidir se vai publicar o material, e assim comprar uma briga com o presidente Nixon, ou não, conforme querem os investidores, será uma atitude que fará Katherine entrar para a história. O lado da história de Daniel Ellsberg já havia sido filmado em 2003, no filme Segredos do Pentágono, com James Spader, lançado em vídeo no Brasil.
O filme tem um óbvio apelo para todos os jornalistas que existem por aí, para todos aqueles que odeiam esse mundo cheio de Fake News. Mostra pessoas que respeitam a notícia, que respeitam o leitor, e que, como eu, por exemplo, aprendeu que era o correto quando fez o curso de jornalismo na faculdade. Também mostra a fundo essa mulher incrível de quem apenas havia ouvido falar, Katherine Graham. Alguém criada no passado, mas que soube como ninguém assumir seu lugar para definir o futuro. Não sou grande fã de Meryl Streep, mas tenho que admitir que ela faz um trabalho primoroso, mostrando essa mulher que parece frágil, mas que quando é necessário, sabe dizer que aquela é a hora dela falar.
O resto do elenco é um primor. Tracy Letts, Bradley Whithford, Matthew Rhys, Alison Brie. Todos perfeitos. O filme ganhou o prêmio de melhor filme do National Board of Review, e foi considerado o filme do ano pelo American Film Institute. No Oscar, conseguiu apenas indicações de filme e atriz para Meryl. Injusto, merecia mais!
Steven Spielberg não faz um filme inovador, mas sim um que prima por seu conteúdo, especialmente nos dias atuais. Acompanhar hoje a jornada de Ben Bradley ( um Tom Hanks injustamente esquecido nas indicações para o Oscar), seus jornalistas, entre eles o Better Call Saul, Bob Odenkirk, e principalmente de Katherine, inspira e nos faz sonhar com tempos mais românticos do jornalismo, sem celular, com deadline, e em busca da verdade.