O Blog de Hollywood não tem nada a ver com política, então a minha análise de O Mecanismo, que estreia hoje na Netflix em 150 países, é puramente artística. Dito isso, a série é uma produção brasileira, cujo idealizador é José Padilha, que já dirigiu dois enormes sucessos do cinema brasileiro, os dois Tropas de Elite, e ainda o sucesso Narcos, também da Netflix. Tem uma grande estrela nacional, Selton Mello, no papel principal, e fala de um assunto que domina ainda hoje os noticiários nacionais, a corrupção, o uso indevido de dinheiro público, e o envolvimento de políticos e empresários em escândalos de grandes proporções. Todos os nomes foram trocados, mas eles sempre nos fazem lembrar do nomes verdadeiros, ainda mais porque são bem conhecidos dos noticiários.
A história é apresentada em oito episódios, e é baseada no livro Lava Jato – O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil, de Vladimir Netto. A sinopse oficial não compromete: ” a série é inspirada em acontecimentos reais do Brasil e que impulsionaram o maior escândalo de corrupção de todos os tempos. A história retrata como um pequeno grupo de obstinados investigadores desvenda um monstruoso esquema de corrupção no Brasil e o impacto dessa descoberta em todos os envolvidos e neles próprios.”
Eu assisti aos três primeiros episódios, e o foco claro é no trabalho da polícia, mais especificamente de Marco Ruffo (Selton Mello) e principalmente Verena Cardoni (Caroline Abras), dois agentes da polícia federal (aqui chamada de federativa), que investigam um caso ligado ao doleiro Roberto Ibrahim (Enrique Diaz), que acabará desencadeando a Lava-jato. A série mostra especialmente a relação de ódio de Ruffo com relação a Ibrahim, que é uma grande força por trás da sua determinação de prendê-lo.
O primeiro episódio é o mais fraco entre os três primeiros, e o único dirigido por Padilha. Os dois seguintes tem mais ritmo e mais ação, com perseguições e algum suspense. O melhor do elenco, pelo menos nesse início, acaba sendo Enrique Diaz, como o vilão Ibrahim. Mas obviamente ainda há muito a contar sobre essa história. Padilha não fala oficialmente sobre uma segunda temporada – provavelmente a Netflix vai querer analisar os números do sucesso da série antes de se comprometer. Mas deu a entender que muitas temporadas poderão vir por aí. ““Minha intenção é acabar isso quando a corrupção acabar, então vai durar bastante tempo, se depender de mim”.
A Netflix fez um grande evento na semana passada no Rio de Janeiro para promover o lançamento da série. Eu estava lá e fiz um vídeo especial com entrevistas, fotos, imagens. Veja abaixo: