É sempre uma tarefa difícil refazer, ou dar sequência, a filmes e séries que são tão amados por seus fãs. Algumas vezes, elas são super bem-sucedidas (Star Trek) e outras são grandes desastres (as novas séries de A mulher Biônica e de As Panteras). No caso de Perdidos no Espaço, já tinha havido um filme, de 1998, com William Hurt e Gary Oldman como o Dr. Smith. Só que o sucesso ficou bem aquém do que se esperava, e a ideia de uma trilogia foi arquivada. Aparentemente o visual muito dark foi uma mudança grande demais com relação à amada série clássica, que teve três temporadas nos anos 60, e até hoje é relembrada, com seu visual camp, e um humor delicioso.
A nova série de Perdidos no Espaço, que estreou na última sexta na Netflix com dez episódios, não vai aos extremos nem da série clássica, nem do filme. Fica mais num meio termo, o que faz lembrar mais em tom e estilo até a série Terra Nova, que teve somente uma temporada. Agora ambientada 30 anos no futuro, mostra que a colonização no espaço é uma realidade e a família Robinson está entre os que foram testados e selecionados (mais ou menos!) para criar uma vida nova em um mundo melhor. Só que logo de início, quando os novos colonos encontram-se abruptamente retirados da rota para sua nova casa, eles devem buscar novas alianças e trabalhar juntos para sobreviver em um ambiente alienígena perigoso, anos-luz de seu destino original.
A família Robinson aqui é bem diferente da apresentada nos anos 60. A líder é a mãe, Maureen ( Molly Parker, de Deadwood), uma cientista que é uma das idealizadoras da missão. O pai, John ( o charmoso Toby Stephens, de Black Sails), é um militar. Os dois começam a série tendo problemas no casamento e praticamente separados. Os filhos são muito mais bem preparados do que na série. A filha mais velha, Judy (Taylor Russell) é médica, e filha de um relacionamento anterior de Maureen, mas é a mais parecida com John, seu pai adotivo. Penny (Mina Sundwall) é atirada e esperta, enquanto Will (Maxwell Jenkins, ótimo, que já foi visto em Sense 8 e Um Homem de Família) é mais real aqui, fazendo besteiras, tendo medo, mas sendo aquele bom garoto que conhecemos. Já o piloto Don West ( o argentino Ignácio Serricchio, de Bones) , tão certinho na série, se junta posteriormente à família, depois de demonstrar que é um tanto aproveitador, apesar de no fundo ser boa gente.
Mas as maiores diferenças ficam com dois dos personagens mais populares da série. Dr. Smith agora é uma mulher, vivida por Parker Posey, com uma ambiguidade próxima daquela que Jonathan Harris criou no início da série clássica – somente mais tarde ele partiu para a comédia ( Nada tema, com Smith não há problema!). Sim, prepare-se para ter raiva e também pena dessa nova Dra. Smith. O robô, o meu favorito da série clássica, aqui também é responsável pelos momentos mais interessantes da história, também devido a uma certa ambiguidade. Tanto que, em alguns episódios que ele fica fora de cena, o ritmo cai consideravelmente.
Na verdade, essa primeira temporada é bem diferente do que era esperado. A história da família sozinha, viajando por diversos planetas, deverá vir somente numa segunda temporada, que provavelmente virá. Apesar de todas as liberdades, a série nova também não deixa de homenageara antiga. A música tão conhecida está lá, assim como algumas referências – o nome de uma personagem é June Harris, combinação de June Lockhart e Jonathan Harris). E, é claro, cheguei a ficar emocionada ao ver Bill Mumy, o Will Robinson original, em uma participação especial logo no primeiro episódio. Não vou entregar aqui, mas preste atenção, é rápido, mas uma homenagem perfeita!