Eu gosto muito de história. Era minha matéria preferida na escola e sempre gostei de ler livros e ver filmes que abordassem fatos históricos. Me julgo uma pessoa bem informada quanto a isso. Mas confesso que nunca tinha ouvido falar de Holodomor. Trata-se de um momento na história da Ucrânia durante os anos 30 quando o ditador russo Joseph Stalin deliberadamente matou de fome milhões de pessoas em um política absurda de acabar com a população local que era responsável por boa parte da agricultura da então União Soviética. Devido aos segredos da época, o mundo só soube do tamanho desse absurdo nos anos 90, já que as informações sobre o assunto sempre foram mantidas sob censura. Até hoje não se sabe exatamente quantas pessoas morreram, mas calcula-se algo por volta de 10 milhões. O filme Colheita Amarga, que estreou essa semana nos cinemas, é o primeiro a contar essa história verdadeira como pano de fundo de um romance de ficção.
Tudo começa com a apresentação dos jovens apaixonados Yuri (Max Irons) e Natalka (Samantha Barks). O momento é de incerteza após a morte de Lênin, mas os dois vivem uma vida tranquila nos campos da Ucrânia. Só que quando Stalin assume o poder da União Soviética, ele dá início a um processo coletivo para angariar as colheitas para alimentar os exércitos. Depois da morte de seu pai assassinado pelos soldados, Yuri decide ir para a cidade grande com o objetivo de melhorar de vida e estudar arte, para depois poder buscar Natalka, que tem que ficar para cuidar de sua mãe. Só que tanto na cidade quanto no campo, o exército atira primeiro e não pergunta depois. Então, Yuri tem que arrumar um jeito de voltar para sua casa para pegar Natalka para então poderem fugir para a Polônia.
O problema do filme é que a historinha de amor é tão dispensável, os atores são tão insossos, que você acaba ficando com preguiça da história. A inspiração óbvia aqui é Doutor Jivago, mas o carisma de Max Irons e Samantha Barks fica tremendamente a dever ao de Omar Sharif e Julie Christie. Isso sem falar o óbvio, apesar da fotografia bonitinha, o diretor de filmes de TV como O Enxame, George Mendeluk, terá que esperar outra vida para chegar aos pés de David Lean. Só que, é claro que a culpa também não é só dele, boa parte vai para o roteiro de dele, mas também de Richard Bachysnki Hoover, baseado em sua história.
Contando ainda com as participações de Terence Stamp e Barry Pepper ( que parecem até estar envergonhados), este é o caso de um filme que tem um tema importante, que merece ser conhecido. Pena que o mostra de maneira tão fraquinha e sem sal.