A saga de Jurassic Park é um sucesso astronômico. Os três primeiros filmes, produzidos respectivamente em 1993, 1997 e 2001, mais Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015) renderam no mundo inteiro mais de 3.6 bilhões de dólares, sem contar o reajuste da inflação. Eu realmente adoro o primeiro, de 1993, dirigido por Steven Spielberg (até hoje é impossível descrever aquele primeiro impacto de ver os dinossauros), e também gosto muito do filme de 2015, dirigido por Colin Trevorrow e estrelado por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard. Acho que é um mix perfeito de suspense, ação, romance e diversão. Tanto o diretor (que agora entra só como roteirista e produtor)como os atores voltam para a sequência que estreia essa semana nos cinemas e tem o nome de Jurassic World: Reino Ameaçado. Mas já se prepare, pois este é bem diferente do anterior. E isso não é uma coisa que, eu pelo menos, considero boa.
O tempo passou desde que Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) estiveram na ilha. Mas agora com um perigo iminente, eles resolvem retornar à ilha Nublar para salvar os dinossauros restantes de um vulcão que está prestes a entrar em erupção. Só que chegando lá. os dois vão encontrar novas e aterrorizantes raças de dinossauros gigantes, e ainda irão descobrir uma conspiração que ameaça todo o planeta.
O diretor do filme agora é J.A.Bayona, que foi escolhido por causa de seu trabalho no ótimo terror O Orfanato. Ou seja, não seria bem o tipo de diretor que você esperaria de um filme normal de Jurassic Park/World. E isso se percebe ao longo do filme. O início, com a mansão, a forma como Owen e Claire vão para a ilha, a criança envolvida na história, as cenas de perseguição na ilha, tudo parece conhecido. Só que o humor desde esse momento parece mais tímido. E a partir do momento em que os dois conseguem fugir da ilha, dando o início ao segundo ato, você já pode esquecer tudo isso. Especialmente quando os dois olham para trás. O que vêem realmente me fez chorar.
O segundo ato é claustrofóbico, triste e assustador. Pode parecer uma boa alternativa para reinventar a franquia, mas realmente me decepcionou. Até a própria história da garotinha Maisie Lockwood ( a ótima Isabella Sermon fazendo sua estreia no cinema) é a mais sombria possível. Uma coisa é você fazer um filme assustador com dinossauros e coisas que não existem, outra é mostrar uma gente horrível e ruim que faz maldades sem razão, somente pelo prazer ou pela ganância. Disso a gente já está cheia nos telejornais.
Com esse caminho do roteiro (e da direção), Chris Pratt acabou ficando apagado, pouco se vendo de sua personalidade gaiata e divertida. A coisa aqui é realmente dramática. Com isso, quem acaba realmente se destacando é Bryce Dallas Howard. Um detalhe até um pouco divertido é a importância dada aos seus sapatos no início do filme, para realmente zoar com toda atenção à sua corrida de salto alto no Jurassic anterior. Já para os fãs da saga, o filme ainda oferece as participações de B.D. Wong, que está por aí desde a primeira aventura, e, é claro, a volta de Jeff Goldblum como o Dr. Ian Malcom, sempre com uma visão realmente real e apocalíptica do que vai acontecer.
É claro que mesmo sombrio e inferior, o filme será um enorme sucesso. Já fez 370 milhões em 51 territórios, inclusive a China, onde se tornou a maior bilheteria de um filme da Universal Picture depois de Velozes e Furiosos 8. Essa semana, além do Brasil, a produção vai estrear nos Estados Unidos, abrindo oficialmente o verão americano, mas tendo que enfrentar a concorrência da segunda semana de Os Incríveis, que fez 180 milhões na estreia. Espera-se que por lá a renda de Jurassic World fique entre 125 e 145 milhões.