A gente sabe muito pouco sobre os horrores que muitos países do leste europeu passaram neste e no último século. Eram países dominados por ditadores que mataram muita gente, como Romênia, Albânia, entre outros. A história desses homens tão poderosos é sempre cheia de violência e finais normalmente trágicos. O filme Um Homem Comum, que estreou essa semana nos cinemas, mostra o que aconteceu com um desses homens. Um homem nada comum que se esconde em seu próprio país.
O General era um militar poderoso em seu país, um aparente monstro, responsável por torturas, assassinatos e outros crimes imperdoáveis. Mas ele é protegido por muita gente, que o esconde em seu próprio país. Só que um homem como ele não consegue ficar quieto em seu canto. Depois de ser transferido para um novo apartamento, ele acaba encontrando uma jovem, que diz ser a empregada dos antigos moradores. E esse relacionamento que se inicia, onde o General é aparentemente o dominador, esconde, na verdade, vários segredos.
Com Ben Kingsley no papel principal – ele também é produtor – o General se apresenta como um homem extremamente carismático. Ele continua a defender de maneira enfática suas atitudes, inclusive a política de limpeza étnica como “um depósito para o futuro”. Mas , por outro lado, no final o roteiro – e a atuação de Kingsley – , acaba fazendo com que a audiência sinta uma certa pena dele. E ficar com uma raiva interna por sentir pena de alguém tão terrível.
Além de Kingsley, o filme também tem um outro destaque. É a atriz islandesa Hera Hilmar, que eu já tinha visto em Anna Karenina (a versão de Keira Knightley) e na série DaVinci’s Demons. Ela “segura a onda” de maneira brilhante em todas as suas cenas com Kingsley. As cenas entre os dois são sempre ótimas.
A direção e o roteiro são de Brad Silberling, conhecido produtor e diretor de filmes e séries como Desventuras em Série, Cidade dos Anjos, Jane the Virgin e Reign. Para mim, é até surpreendente que ele se envolva num projeto como esse. Sim, o filme é bom, mas, obviamente, ao tratar de assuntos tão espinhosos, deixa aquele gosto amargo ao final. Aliás, o final é meio aberto. A forma como você vê o filme, pode determinar o que você vai imaginar o que acontecerá após a última cena.