A situação de um pai ao ver seu filho se drogando deve ser algo que não se pode imaginar. Especialmente quando não há explicação. No caso de Querido Menino, que estreou esta semana nos cinemas, esse é o maior problema. Por que um garoto doce, que tinha uma família que o adorava, era inteligente e tinha uma vida brilhante a sua espera se meteu numa situação de descida aos infernos. O filme não tenta explicar algo para o que não há resposta. Mas tenta mostrar o sofrimento pelo qual a família e o doente passam.
A história
A história é real. Baseada nos livros do pai, Beautiful Boy, do jornalista David Sheff, e Tweak, do filho, Nic Sheff, o filme acompanha os momentos felizes, e os terríveis, quando a droga acaba com as pessoas envolvidas. Você não vê na tela o momento em que Nic, vivido por Timothée Chalamet (indicado ao BAFTA, Globo de Ouro e SAG’s), experimenta pela primeira vez. E também não está lá o momento em que o pai (Steve Carell) percebe, também pela primeira vez, que seu filhos está se drogando. O filme opta por passar da extrema felicidade, diretamente para o terror do vício aparentemente sem volta. Mas de qualquer maneira, Timothée não é mostrado totalmente destruído, ou se prostituindo, como aconteceu com o personagem na vida real. Há aqui uma opção para não chocar, só emocionar.
A crítica
Ele obviamente atinge seu objetivo de emocionar. Como não consegui ir à cabine de imprensa, assisti ao filme numa sessão de pré-estreia. Era possível ouvir as pessoas chorando em determinados momentos. Infelizmente, ele não me “pegou”. A primeira parte do filme é meio confusa, com várias idas e vindas entre o passado e o presente. Complica mais porque Steve Carell está sempre do mesmo jeito (ok, a barba fica um pouco mais escura no passado). A partir do momento, em que se concentra um pouco mais na trajetória do jovem, ele fica um pouco melhor. A trilha sonora é ótima, com destaque para Beautiful Boy, de John Lennon, que dá o título original ao filme. Desde que assisti, ela não sai de minha cabeça.
O elenco
Falando sobre o elenco, as melhores, na minha opinião, são as coadjuvantes, Amy Ryan (como a mãe) e Maura Tierney, como a madrasta incrivelmente boa. As duas têm a oportunidade de mostrar seu talento em cenas emocionantes. Timothée está bem, mas vez ou outra parece um tanto exagerado. Já Steve Carell, ao contrário, parece contido demais para alguém que está passando por uma situação daquelas. Entretanto, como os dois autores estão envolvidos no projeto, pode ser que sejam assim mesmo na vida real.
Mas, uma coisa chamou minha atenção no final do filme. Em seu segundo papel importante – o primeiro foi em Me Chame pelo seu Nome – Timothée tem uma cena de choro para fechar o filme. Será que vai virar tradição?
Fotos de divulgação