O cinema argentino se tornou uma grife de bons filmes que, especialmente no Brasil, têm um público considerável. A maioria deles têm um grande charme, aquela coisa portenha, luxuosa e ao mesmo tempo, um pouco decadente, que fascina. E isso não sou eu que estou falando. Este é uma das primeiras frases da narração de Minha Obra-Prima, que estreou hoje nos cinemas. Mas eu concordo plenamente com ela.
A história
O filme é dirigido por Gaston Duprat (Um Cidadão Ilustre), baseado num roteiro de sua autoria e conjunto com o irmão, Andrés Duprat. O narrador que mencionei acima é de Arturo, um negociante de arte e dono de uma galeria. Ele também é amigo íntimo de Renzo, que há décadas vive pintando quadros. O problema é que depois de uma época de grande sucesso, já faz tempo que suas obras não chamam a atenção de muitas pessoas. Renzo é aquele tipo de personagem insuportável, que se acha melhor do que todos, e que pisa em todo o mundo. O filme relata a relação de Arturo e Renzo, que, inclusive passará por várias provações e uma tremenda reviravolta.
A crítica
A amizade dos dois é uma dessas coisas difíceis de acreditar. Sendo tão insuportável – repare na cena do restaurante – , ninguém conseguiria ser amigo de Renzo por tanto tempo. Mas se você embarcar nessa, com certeza terá um filme divertido e interessante, apesar de melancólico em diversos momentos. Mas quem admira a cultura argentina, como eu, vai perceber que a diversão e a melancolia seguem juntas sempre por lá. E, veja bem, isso não é uma crítica, somente uma constatação.
Com dois atores excelentes – Guillermo Fancella e Luis Brandoni – o filme segura sua atenção para saber o que vai acontecer com esses dois. E quando parece que você adivinhou, ele tem aquela reviravolta. Minha Obra-Prima pode não ser uma obra-prima, mas é um retrato divertido sobre o que importa e o que não no mundo das artes.
Curiosidade: O filme teve cenas feitas no Museu de Arte Contemporânea de Niterói.