Quem gosta de filmes argentinos deve estar bem feliz com as duas boas estreias de cinema. Além de Minha Obra-prima( crítica aqui), também está em cartaz Uma Viagem Inesperada. Confesso que gostei mais desse último. Ele toca num assunto espinhoso – o bullying nas escolas – mas também nas relações difíceis entre pais e filhos, de todas as gerações.
A história começa mostrando o engenheiro argentino Pablo, que vive no Rio de Janeiro, ao lado da jovem Lucy (Débora Nascimento). Ele se prepara para um momento importante na sua carreira: a inauguração de uma plataforma de exploração de petróleo. Mas o clima de comemoração dura pouco. Sua ex-mulher telefona para dizer que o filho adolescente do casal, Andrés, está prestes a ser expulso da escola, por problemas ligados à violência. Pablo, então, deixa o Rio e volta a Buenos Aires, mas o reencontro com o garoto não é fácil. Os dois saem juntos e sozinhos para a cidade onde o pai nasceu para tentar uma reaproximação, mas…
O filme segue os dois nessa viagem inesperada. Além da ausência do pai, Andrés têm outros problemas, que o público vai descobrindo aos poucos. Mas Pablo, que pouco conhece o filho, também tem seus problemas no trabalho e algumas dúvidas com relação a Lucy. Além de ser meio tonto (rs). O acompanhamento dessa jornada de descobertas é interessante e doída. É especialmente recomendada para que têm filhos adolescentes. Afinal, problemas como os do filme acontecem em todo o mundo.
Como é uma co-produção Brasil/ Argentina, há várias cenas filmadas no Rio de Janeiro. Isso também garantiu a participação de Débora Nascimento. Ela é pequena, mas a atriz ficou conhecida na Argentina depois que a novela Avenida Brasil foi exibida no país. Débora, inclusive, falou um pouco sobre a experiência:
“Rodar o filme foi uma experiência incrível e muito enriquecedora. Apesar de sermos países tão próximos, Brasil e Argentina têm modos muito diferentes de trabalhar o seu cinema; e o mais legal foi ver que apesar de falarmos idiomas diferentes, a arte consegue quebrar essa barreira e imprimir nossa entrega nas telas. ‘Uma Viagem Inesperada’ me proporcionou aprender muito. Nas preparações, o diretor Juan José Jusid trabalhou muito em cima da nossa espontaneidade e dos nossos sentimentos, não tivemos um laboratório, foi tudo muito instintivo e real, e o Pablo (Rago) foi muito generoso dividindo tudo isso comigo. Além disso, eu pude praticar todo o meu bom ‘portunhol’ (risos)”