Lembra quando teve toda aquela confusão quando um monte de gente dizendo que o filme Boy Erased tinha sido censurado no cinema porque falava sobre a cura gay? Bem ele está chegando esse mês no sistema de vídeo on demand (ITunes, por exemplo), onde ficará acessível a muito mais gente. E, enquanto isso, nos cinemas, outro filme sobre o mesmo tema vai estrear essa semana, O Mau Exemplo de Cameron Post. Ou seja, essa história de censura era pura bobagem, como eu disse na época.
A História
Mas falando de Cameron Post, o filme conta a história da jovem. Em 1993, ela é flagrada “se pegando” com outra garota no baile de formatura. Cameron é então enviada pela tia para um centro religioso que afirma curar jovens atraídos pelo mesmo sexo. Lá, ela encontra outros que se encontram na mesma situação, e que têm que se submeter ao suposto tratamento. Só que no meio do caminho, a adolescente precisa antes descobrir quem é de fato.
O filme ganhou o prêmio do Júri no Festival de Sundance, mas mesmo assim demorou para conseguir uma distribuição. Afinal, ainda hoje, o assunto não é fácil, e esse tipo de drama fica sempre restrito às salas de filmes de arte. Aqui no Brasil não é diferente, apesar de que este é um filme que pertence ao projeto Caixa de Pandora (ver aqui), o que pelo menos vai lhe garantir a distribuição em outras cidades do país além do circuito Rio-SP.
A Crítica
É um bom filme, que mexe com um assunto difícil de acreditar que exista nos dias de hoje. E o que é mais interessante, é perceber que as estratégias de reversão apresentadas são tão incrivelmente toscas. Mas que podem ser extremamente invasivas e perversas, mesmo que haja uma aparente boa vontade dos envolvidos. Os personagens de Jennifer Ehle e John Gallagher Jr, que cuidam do local, parecem ser tão prisioneiros quanto os jovens que eles pretendem “curar”.
O filme é baseado no romance de Emily M. Danforth, que por sua vez, foi baseado numa história real. A do garoto Zach Stark, que colocou sua experiência cheia de angústia num blog que virou sensação nos Estados Unidos em 2005. Como Cameron Post, Chloe Grace Moretz está bem contida, talvez demais para uma personagem tão cheia de dúvidas sobre si mesma. Parece estar vendo um filme sobre si mesma.
O filme recorre às ferramentas a que estamos acostumados em filmes sobre aprisionados, seja numa prisão, num manicômio, numa escola. Há os momentos divertidos, aqueles que fazem as coisas escondidos, uma grande tragédia, e a redenção. Mas, mesmo com tudo isso, ao final, você ficará com um gosto amargo na boca ao ver que certos absurdos continuam a acontecer.
Fotos de divulgação