Quando eu era menina, Franco Zeffirelli era aquele diretor de cinema que todo o mundo conhecia. Tipo Spielberg alguns anos depois. Era um diretor italiano, que fazia filmes de sucesso em Hollywood, e trabalhava com seus maiores talentos. Ele havia ficado famoso e indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por sua direção em Romeu e Julieta. Também foi o responsável por popularizar um pouco a ópera, já que ela grande conhecedor do assunto. Fez várias montagens para o teatro, que foram posteriormente exibidas na TV. Era um homem com uma cultura imensa, que adorava os clássicos. Sua versão de Jesus de Nazaré foi transformado em minissérie que rendeu grande audiência. Além de diretor, foi roteirista, cenógrafo, figurinista e ator. Zeffirelli morreu hoje, em Roma, aos 96 anos. Já não trabalhava há algum tempo, mas mesmo assim, é uma enorme perda para o cinema.
Ganhador de cinco David di Donatello e dois Emmys, entre vários outros prêmios, Zeffirelli teve trabalhos que me marcaram profundamente. Abaixo a minha lista de preferidos – não necessariamente os melhores, mas os mais importantes para mim.
A Megera Domada
Originalmente a versão da peça de Shakepeare – minha favorita – era para com Sophia Loren e Marcello Mastroianni. Mas acabou virando e veículo para o então casal, Elizabeth Taylor e Richard Burton, que inclusive eram co-produtores. Uma produção super bem cuidada, que foi inclusive indicada ao Oscar de direção de arte e figurino. Foi um enorme sucesso de bilheteria, e Zeffirelli disse que foi a filmagem onde mais se divertiu em sua carreira.
Romeu e Julieta
Zeffirelli foi o vencedor do National Board of Review como melhor diretor por essa filme. Também foi premiado com o Oscar de fotografia e figurino. Foi a primeira vez que a história famosa dos trágicos amantes era contada com atores da idade descrita por Shakespeare em seu conto. Olivia Hussey tinha 14, e Leonard Whiting, 17. Isso teve um apelo enorme para os adolescentes da época. A trilha sonora composta por Nino Rotta, foi apresentada no filme como What is Youth, e depois acabou se tornando um grande sucesso com o nome de A Time for Us.
Amor sem Fim
Franco Zeffirelli voltou a uma história de amor adolescente anos depois em Amor sem Fim. Brooke Shields e Martin Hewitt, que era bom ator mas não fez carreira, eram dois adolescentes tão apaixonados que os pais acabam separando os dois com consequências trágicas. Zeffirelli acabou sendo indicado ao Framboesa de Ouro com esse filme, que recebeu outras cinco indicações. Revendo hoje em dia, ele é bem fraco, mas na época, foi um acontecimento. Foi a estreia no cinema de Tom Cruise, e a música, Endless Love, concorreu ao Oscar, e todo mundo se lembra até hoje.
O campeão
Mais de duas mil crianças foram testadas para o papel de TJ no filme. E Ricky Schroder foi o vencedor. Sua atuação foi uma das mais brilhantes que já vi em atores infantis. Ele é o filho de um ex-lutador de boxe (Jon Voight), que é disputado por sua mãe (Faye Dunaway), que retorna depois de sete anos. Impossível não chorar na cena final, que foi inclusive usada em vários estudos de psicologia em anos posteriores. Foi indicado ao Oscar de trilha sonora.
La Traviatta
Mais uma história de amor trágica na carreira de Franco Zeffirelli. Versão cinematográfica da ópera de Verdi. Foi inclusive exibida nos cinemas por aqui, e fez um considerável sucesso dentro de sua proposta. Os intérpretes são Teresa Stratas e Placido Domingo. Foi indicado ao Oscar de direção de arte e figurino. É brilhante!
Fotos de divulgação