É difícil imaginar nos dias de hoje como foram difíceis e assustadores os primeiros tempos quando a AIDS começou a contaminar as pessoas e se tornou uma epidemia nos anos 80. No início era considerada a doença gay porque havia a crença que só homossexuais masculinos eram atingidos. Havia também pouca informação e o preconceito era absurdo. Alguns filmes muito bons já falaram sobre o assunto como E a Vida Continua (1993) sobre os primeiros estudos médicos, toda a politicagem que rodeava o reconhecimento e a falta de atitude de governantes. Lembro-me também de Meu Querido Companheiro (1989), que abordava dificuldade de reconhecer no início que uma doença como essa poderia atingir pessoas de seu círculo de amigos. Mas já em 1985, uma abordagem extremamente contundente chegou à Broadway. O dramaturgo Larry Kramer escreveu The Normal Heart , que foi premiada com o Tony (Oscar do teatro) de melhor drama, sobre a luta de um homem para que houvesse o reconhecimento da doença no início dos anos 80. A versão para a TV chega hoje pela HBO, a partir das 22 horas. É um programa imperdível. Fala sobre história, sobre a luta de um homem, sobre preconceito.
Há anos, Barbra Streisand havia adquirido os direitos para transformá-la num filme. Como fã de Barbra, venho ouvindo que este seria seu próximo projeto. Mas nunca aconteceu. Quem acabou conseguindo realizá-lo foi Ryan Murphy (Glee, American Horror Story), que ficou também com a direção, juntamente com a HBO. O próprio Larry Kramer adaptou sua peça para a TV. E o elenco é um sonho: Julia Roberts, Mark Ruffalo, Matt Bomer, Jim Parsons, Jonathan Groff, Dennis O´Hare, Taylor Kitsch. Conta a história de Ned Weeks, um escritor e ativista que luta para trazer o tema da AIDS para os olhos do público, buscando assim o reconhecimento de autoridades. Mas ele enfrenta oposição até mesmo de seus amigos e de seu companheiro Felix (Matt Bomer, que todos estão falando que deve concorrer ao Emmy).
A filmagem teve que ser interrompida duas vezes. A primeira para que Matt Bomer pudesse perder 20 quilos por causa de seu personagem. O ator conta que na verdade, ele ficou tão fraco por causa disso que em sua cena final, ele realmente não conseguia nem levantar da cama de hospital sem ajuda. Aparentemente valeu a pena pois todas as críticas mencionam este papel como aquele que vai lhe dar o reconhecimento como ator e não apenas como um rosto bonito. A segunda interrupção foi para possibilitar ao ator Jonathan Groff que ele ficasse ao lado de sua melhor amiga, Lea Michele, quando o namorado da atriz, Cory Monteith, faleceu.
O filme tem duas horas e quinze minutos e deve fazer você se emocionar, chorar mesmo. Mas é imperdível. Para aqueles que não conseguirem assistir hoje, sábado, 31/05, o filme será reprisado diversas vezes, entre elas na próxima terça-feira (03/06), ás 14.10h e quarta-feira, às 23.55h.
Liliane Coelho
1 de junho de 2014 às 2:54 am
Parece muito bom. Estou curiosa para ver Matt em papel dramático forte.