Faz tempo que a gente ouve falar do filme da Hebe, estrelado por Andréa Beltrão. E essa semana ele vai estrear nos cinemas, com direito a toda a pompa e circunstância de grande produção do cinema nacional. É sempre complicado fazer um filme sobre alguém cuja memória ainda é tão viva nas nossas lembranças. Mas Andréa, que é uma grande atriz, se supera e, como já disse em entrevistas, criou a sua própria Hebe Camargo. Ou seja, não é uma imitação, mas em diversos momentos, você sente que aquela Hebe é extremamente familiar. É um grande acerto do filme.
Dirigido por Mauricio Farias (marido de Andréa), Hebe: A Estrela do Brasil se concentra em um determinado período da história dessa mulher, que é reconhecida como a maior apresentadora desse país. Nos anos 80, Hebe enfrentava problemas com a censura, que mesmo com o fim da ditadura, ainda era presente. Falava muito de sexo em seu programa na TV Bandeirantes, diziam. Além disso, ela também tinha problemas com bebida e com o marido ciumento. E num determinado momento cheio de pressão, resolveu trocar a TV Bandeirantes pelo SBT.
Pontos negativos
É óbvio aqui que o filme, daqui a alguns meses vai virar uma minissérie mais completa, com direito às diversas fases da carreira de Hebe. Mesmo aqui, em alguns momentos, ele tem um certo ritmo de seriado. Outro problema é apresentar atores que tem pouco a ver com os personagens reais, seja fisicamente, trejeitos ou faixa etária. O caso mais gritante é o das duas grandes amigas de Hebe, Nair Belo e Lolita Rodrigues, que infelizmente aparecem somente em uma sequência. Vividas respectivamente por Cláudia Missura (Nair) e Karine Teles (Lolita), são claramente jovens demais para o papel. O mesmo acontece com Daniel Boaventura como Silvio Santos. Aliás, o que será que aconteceu com aquela cinebiografia do apresentador que ele iria estrelar?
Pontos positivos
Entretanto a produção têm vários trunfos. Foi filmada na casa de Hebe, entre outras locações. Andréa usou seus figurinos e jóias. Aliás, diz a lenda que nenhuma seguradora aceitou fazer o seguro para que as jóias fossem usadas. Então eles resolveram arriscar e usá-las sem seguro mesmo (nada aconteceu). Também adorei a participação de Stella Miranda como Dercy Gonçalves e de Felipe Rocha como Roberto Carlos.
Gosto do fato que o filme mostra um lado pessoal complicado da apresentadora. Bebida, dificuldade em lidar com algumas pessoas, e principalmente, uma relação destrutiva com o marido Lélio, numa grande interpretação de Marco Ricca. Mas é claro que o triunfo é de Andréa, impecável como Hebe. Tanto ela quanto o roteiro passam um grande respeito, mesmo com todos os problemas, por uma mulher determinada, lutadora, que esteve à frente do seu tempo. Sofria de dualidades (como todos nós, né?), mas sempre sabia bem o que queria. Como ela mesma diz numa ótima cena do filme, “Até quando a gente vai aceitar tanta injustiça? A Hebe não é de direita, a Hebe não é de esquerda, a Hebe é direta”. #Adorei!
Fotos de divulgação