É admirável a coragem do ator Daniel Radcliffe, tão conhecido e querido pelos fãs como Harry Potter. Sua escolha de papéis nunca vai pelo caminho mais fácil. Em 2008, no auge da fama dos filmes do bruxinho, ele foi para a Broadway e encarou de frente o desafio de fazer o papel principal na peça Equus, com direito até a cena de nudez. Para quem não sabe, Equus conta a história de um psiquiatra que tenta tratar um rapaz que tem um fascínio sexual e religioso por cavalos. Pode imaginar o escândalo na época…
Foi nesse momento que lhe foi oferecido o papel do poeta Allen Ginsberg em Versos de um Crime. Mas, com dois filmes de Harry Potter ainda a fazer na agenda, outros atores foram chamados para o filme, inclusive Jesse Eisenberg e Chris Evans. Só que a produção acabou não acontecendo. Quando foi retomada e o diretor John Krokidas assumiu, Radcliffe foi convidado novamente para o papel de Ginsberg.
Ginsberg foi simplesmente o maior poeta americano durante a segunda metade do século 20. Juntamente com um grupo de escritores como Kerouac e Burroughs promoveu uma revolução nas regras e valores literários nos anos 50, que ficou conhecida como a geração Beat. Versos de um Crime, que estreia este fim de semana nos cinemas, é baseado em fatos reais e conta como tudo começou, inclusive qual a influência de um crime em toda essa história.
Nos anos 40, Allen acabou de entrar na prestigiada Universidade de Columbia mas não se conforma com as regras ortodoxas das aulas. Por isso, acaba se juntando a um grupo de rebeldes para discutir novas ideias literárias: Lucien Carr (Dane DeHaan), William S. Burroughs (Ben Foster) e Jack Kerouac (Jack Huston). Só que suas escolhas e transgressões irão além dos livros e papéis, o que pode provocar um desfecho perigoso.
O filme é bom, tem um roteiro e produção de primeira linha. Além disso, mostra um momento da história pouco conhecido (pelo menos para mim). No bom elenco estão Michael C. Hall (Dexter), Kyra Sedwick, Jennifer Jason Leigh e Elizabeth Olsen. Daniel Radcliffe se esforça mas ainda é um pouco careteiro, e quem se sai melhor é Dane DeHaan (o vilão do último Homem-Aranha), como Lucien, o objeto de desejo. Só um aviso, o filme tem cenas pesadas, de consumo de drogas e cenas de sexo homossexuais. Inclusive, uma bem forte com o próprio Daniel. Mais uma vez, demonstra ser um ator bem corajoso. Mas definitivamente não é um filme para os fãs de Harry Potter.
Eliane Munhoz
Eliane Munhoz
Liliane Coelho
13 de junho de 2014 às 5:28 pm
Não diria que as cenas de drogas e sexo chegam a ser fortes, mas nunca se sabe quanto ainda se pode ter de conservadorismo por aí. Mas, enfim, o filme, de fato, é interessante, contando um fato histórico pouco conhecido.
Eduardo Pepe
13 de junho de 2014 às 5:37 pm
É sempre legal ver um ator tatiar uma carreira diferente após ficar muito marcado com um único personagem.