Nos dias de hoje, especialmente com relação às políticas mundiais, é muito difícil encontrar uma história sobre alguém que se importa legitimamente com o povo. Tanto que faz o que acha justo independente do problema que isso lhe trará. Quando se trata e uma história real, é ainda mais surpreendente. Esse é o caso de Segredos Oficiais, que chega essa semana nos cinemas, e é a melhor de todas as estreias.
A história dos Segredos Oficiais
O filme conta a história de Katherine Gun (Keira Knightley) e o ano é 2003. Ela trabalha no departamento de comunicações do governo britânico. Sua missão é monitorar conversas de outros, das mais diversas nacionalidades (ela é fluente em mandarim). Um belo dia, Katherine recebe um email interno de uma agência de inteligência norte-americana que pedia o apoio dos colegas britânicos para pressionar ilegalmente outras nações para aprovar a invasão ao Iraque. Pacifista e ciente de que aquilo está errado, Katherine resolve enviar esse email para uma amiga que o repassa a um jornal inglês. Após a investigação e publicação da história, começa uma caça às bruxas para saber quem foi o informante.
A subsequente história parece completamente absurda, especialmente considerando que estamos falando da Inglaterra. É certo que nesses dias de Brexit, o conceito está mudando um pouco (rsrs). Mas de qualquer maneira, chega-se à conclusão que a política é podre em qualquer lugar do mundo. Descoberta, Katherine vai sofrer todo o tipo de perseguição, que inclui até não poder conversar com seu advogado (Ralph Fiennes, ótimo). É daquele tipo de situação que com certeza vai revoltar você.
A crítica e a dica
O filme começa com a entrada de Katherine em seu julgamento e depois passa para um flashback de um ano antes sobre como a história começou. Se você não conhece um pouco de política externa pode ficar um pouco confuso ao tentar situar os momentos do roteiro. É também um filme cheio de diálogos, portanto se você acha esse tipo “chato”, é melhor nem assistir. Mas se gosta de um bom filme, com falas inteligentes, um roteiro “redondinho”, pode até colocar Segredos Oficiais entre os melhores do ano.
Isso sem contar o trabalho dos atores. Keira Knightley tem um de seus melhores momentos no cinema num papel que anteriormente seria de Natalie Dormer. O resto do elenco também é conhecido e ótimo. O já mencionado Ralph Fiennes, Matthew Goode (que eu adoro), Matt Smith, Indira Varma, Rhys Ifans, Jeremy Northam, todos tem seu momento para brilhar.
O certo é que no fim o filme é um conto sobre honestidade, moralidade, sobre a preocupação com outro. Não li o livro The Spy Who Tried to Stop a War: Katharine Gun and the Secret Plot to Sanction the Iraq Invasion, de Marcia e Thomas Mitchell, que é a base do roteiro. Mas, se a história foi minimamente parecida, é uma daquelas para mostrar a todos. Entretanto, o filme é uma produção pequena. E está entrando no circuito junto com O Exterminador do Futuro e A família Addams, sem contar Coringa e Malévola, que continuam a fazer sucesso. Portanto minha dica é ir correndo nos primeiros dias, antes que saia de cartaz. Ele vale a pena.
Fotos de divulgação