Eu sempre admirei o talento de Jennifer Lopez. Não só como dançarina e cantora (tirando o melhor de uma voz limitada), mas especialmente como atriz. Sim, desde seu primeiro grande sucesso como a cantora Selena, passando pelas comédias românticas ( amo Encontro de Amor!). mas também porque sempre deu o melhor de si em filmes tão diferentes como Anaconda, A Sogra, Nunca Mais, e Irresistível Paixão (adoro!). Nos últimos tempos, se desglamourizou com a série policial Shades of Blue, e foi finalmente elogiada. Isso porque como uma mulher muito sexy e bonita, é difícil para muita gente vê-la como a boa atriz que é. Entretanto, as coisas parece que mudaram definitivamente com As Golpistas, que estreia essa semana nos cinemas. Muita gente fala que ela pode até conseguir uma indicação para o Oscar por sua atuação no filme.
A história de As Golpistas
Ela não é a atriz principal da história, mas é a sua personagem Ramona que é a mais marcante. Tudo começa com a narração de Destiny (Constance Wu, de Podres de Ricos). Em entrevista concedida a Elizabeth (Julia Stiles), jornalista da New York Magazine, a ex-stripper Destiny conta em detalhes como conseguiu o emprego. E ainda como conheceu Ramona (Jennifer Lopez), ícone do meio que logo se tornou sua grande amiga. Só que devido à crise financeira que abalou Wall Street em 2008, Destiny e Ramona viram o declínio na quantidade de clientes na boate em que trabalham. Com isso, decidem elas mesmas iniciar um plano onde, juntamente com algumas amigas, vão atrás de homens em restaurantes para, após dopá-los, faturar em cima de seus cartões de crédito.
A crítica
O filme é basado em uma história real. Todos os nomes foram trocados, e algumas liberdades criativas foram acrescentadas. Não é excepcional, mas funciona bem e vai ficar na sua lembrança por algum tempo. Ele foi roteirizado e dirigido por Lorene Scafaria ( do ótimo A Intrometida) tem muita influência na forma de contar a história de Os Bons Companheiros , de Martin Scorsese (que foi convidado, mas recusou a direção de As Golpistas). Está tudo lá, a narração super explicativa, o uso da trilha sonora, a descrição do “submundo”. É até interessante comparar – com as devidas proporções, claro – com O Irlandês, que estreou esse fim de semana na Netflix.
Ao contrário do filme da Netflix onde as mulheres são coadjuvantes num mundo masculino, aqui são os homens que são somente o meio dessa golpistas chegarem aos seus objetivos. Além de JLo e Constance Wu, o filme ainda dá ótimas oportunidades para Keke Palmer, Cardi B (estreando no cinema) e principalmente para Lili Reinhart, de Riverdale. Ela é o alívio cômico da história, e se sai extremamente bem.
Só que no final, o que fica é a imagem de Jennifer Lopez. Um corpo inconcebível – é incrível a cena de sua primeira atuação em pole dance. Mas também no drama, na sedução totalmente crível de todos aqueles homens, e nos momentos mais contraditórios e complexos de Ramona. Ela já está concorrendo no prêmio Spirit, e foi premiada no Festival de Palm Springs. Vou torcer muito por ela.