É provável que você já tenha ouvido falar de Ned Kelly. O cinema e a TV já fizeram nada menos do que 17 adaptações da história do famoso fora da lei australiano. As mais conhecidas são a de Heath Ledger, de 2003, e a de Mick Jagger (sim, ele mesmo), de 1970. E agora, uma nova versão está estreando nessa quinta nos cinemas (é tão bom poder escrever isso novamente!). A Verdadeira História de Ned Kelly, tem George McKay (1917) no papel principal. E o resto do elenco é incrível: Russell Crowe, Charlie Hunnam, Nicholas Hoult, Tomazeen McKenzie (Jojo Rabbit).
Inspirado no best-seller de Peter Carey, o filme acompanha a vida do famoso fora da lei, observando o passado de violência de toda uma sociedade. Quando começa vemos Ned ainda criança, observando toda a pobreza e a distorcida, e a relação com a família. Num segundo momento, ele retorna para casa e os conflitos são igualmente terríveis. Depois, incentivado pela prisão de sua mãe, Kelly recruta um bando de rebeldes para planejar uma rebelião lendária.
A crítica
Apesar de ser uma história australiana, a alma de A Verdadeira História de Ned Kelly, é a de um faroeste americano. Então se você gosta do gênero, vai admirar o trabalho do diretor Justin Kurzel (Assassin’s Creed). As duas partes iniciais do filme , mostrando a infância e a volta de Ned para casa, são excelentes. Envolvem, são altamente dramáticas, vão a fundo nessa família tão disfuncional. As relações nunca são explícitas, mas sempre sugerem que há algo mais do que aquilo que é mostrado. Seja entre mãe e filho, entre Ned e seu melhor amigo, entre Ned e Fitzpatrick (Nicholas Hoult).
Há diversas cenas intensas e poderosas. E estas mostram o quanto é distorcida a fina linha que separa o certo do errado. Especialmente num mundo onde pais protegem e, ao mesmo tempo, exploram seus filhos. Um mundo em que oficiais abusam em vez de proteger. A violência está presente todo o tempo.
O problema do filme chega com a parte final, aquela em que Ned se reúne com seu bando. Li em algum lugar que o diretor disse a George McKay que via o bando de Ned Kelly como uma banda punk. E aparentemente quis transformar numa numa ópera punk. Todos parecem enlouquecidos de um momento para outro. A fotografia, a trilha sonora, e a edição tornam-se insuportavelmente nervosas. Você começa a querer que o filme acabe rápido. E faz com que todo o brilhantismo das duas primeiras fases acabe se perdendo. Uma pena!
O elenco
Já o elenco é brilhante sempre. Eu admiro o trabalho de George McKay, tanto em 1917 como em Capitão Fantástico. Ele demonstra novamente aqui que tem carisma e talento para “carregar” um filme. O garotinho que faz o papel de Ned quando criança, Orlando Schwerdt, também é ótimo. Todos os famosos de Hollywood também tem sua oportunidade para brilhar. Russell Crowe , mesmo com poucas cenas, é sempre uma figura marcante. Charlie Hunnam e Nicholas Hoult são os vilões da história, enquanto Tomazeen McKenzie é o interesse amoroso feminino.
Mas quem me impressionou mais foi Essie Davis (The Spanish Princess) como a mãe de Ned, Ellen. Ela é casada com o diretor e está sempre em seus filmes. Suas cenas em A Verdadeira História de Ned Kelly são brilhantes, especialmente aquelas em que Ellen está com Ned, seja criança ou adulto. A intensidade dela com seus traços de Jocasta é digna de prêmio.