Penny Dreadful é uma das minhas séries de terror favoritas da vida. Teve três temporadas, que estão disponíveis na Amazon Prime, no pacote que inclui Starzplay. Foi criada por John Logan e produzida por ele e Sam Mendes. A Penny Dreadful do título não é um personagem. Elas eram publicações de ficção e terror que eram vendidas na Inglaterra do século 19. Por serem histórias que custavam um centavo, tinham como apelido centavos do terror (centavo é chamado de penny nos EUA e Inglaterra).
A série mostrava as origens de vários personagens famosos da literatura de terror. Era o caso do Dr. Victor Frankenstein, Van Helsing e a figura do vampiro, e Dorian Gray (do livro O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde). Também trazia também lendas urbanas (Jack o Estripador) e seres místicos (lobisomens e bruxas). Juntos, eles espalhavam o terror pela Londres vitoriana. No elenco estavam Josh Arnett, Timothy Dalton, Rory Culkin e Eva Green em estado de graça, como Vanessa como uma heroína enigmática, que também é medium. A série foi cancelada após três temporadas não por falta de audiência, mas sim por uma decisão dos produtores. Eles argumentavam que a série já tinha cumprido seu objetivo. Deixou os fãs chocados com seu final.
Penny Dreadful: City of Angels
Como fã, fiquei super feliz quando anunciaram que uma nova Penny Dreadful estava sendo produzida. Mas ao contrário da sombria Londres vitoriana, a ação teria lugar em Los Angeles. O nome ficou sendo Penny Dreadful: City of Angels. Tudo se passa em 1938, um pouco antes da II Guerra Mundial. E mistura o folclore mexicano-americano, além da tensão social que existia na época em Los Angeles. Ela estreou na Amazon este mês.
Um terrível assassinato choca a cidade. O detetive Tiago Vega (Daniel Zovatto) e seu parceiro Lewis Michener (Nathan Lane), um oficial veterano que se torna seu mentor, investigam. O caso abrange desde a construção das primeiras rodovias da cidade até as profundas tradições do folclore. Também envolve as perigosas ações de espionagem do Terceiro Reich e a ascensão do evangelismo de rádio. O lado sobrenatural envolve Santa Muerte (Lorenza Izzo) e sua irmã má, Magda (Natalie Dormer). Magda é a encarnação do mal, que pode ter a aparência de qualquer pessoa que ela escolher, se transformando de várias formas.
Kerry Bishé é a Irmã Molly, uma evangelista de rádio carismática. A veterana Amy Madigan é a mãe super protetora dela. Rory Kinnear é o único do elenco da série original que retorna. Ele faz o dr. Peter Craft, um pediatra alemão de sucesso. A família de tiago tem um papel muito importante na história. Adriana Barraza é Maria, a poderosa matriarca da família Vega. O irmãos de Tiago são vividos por Adam Rodriguez, Johnathan Nieves, e Jessica Garza. Outros nomes desse incrível elenco são Brent Spiner, como o chefe da polícia, e Michael Gladis faz o papel do vereador Charlton Townsend. No núcleo nazista estão Thomas Kretschmann e Dominic Sherwood, de Shadowhunters. E ainda há participações ótimas de Lin Shaye e Piper Perabo, que eu adoro!
A crítica
Penny Dreadful: City of Angels teve uma audiência baixa, o que motivou seu cancelamento. Mas, na verdade, creio que o grande problema foi a comparação com o Penny Dreadful original. Não há aquele “clima gótico” nem a grande quantidade de monstros, que assustavam todo o mundo. Em City of Angels, o mal está sempre presente, mas tem o rosto lindo de Natalie Dormer. Sai a escuridão de Londres, entra a solar Los Angeles. Com isso, os fãs se sentiram traídos porque esperavam algo que não foi o que receberam. Isso se refletiu tanto nas críticas quanto na audiência.
O problema é que a série é boa. Tem uma qualidade de produção excelente. Isso inclui a direção de arte, reconstituição de época, trilha sonora, figurino. Em alguns momentos, lembra Perry Mason, sem a parte sobrenatural. Especialmente nas cenas entre a mãe e filha que mandam no templo. As cenas que se passam dentro do café onde todos vão dançar são soberbas. E ainda há uma outra, que tem mais uma vez (assim como no primeiro Penny Dreadful) a participação muito especial de Patti LuPone. A história, que mistura o sobrenatural com história de detetive, ainda tem um fator histórico, e especialmente político. É só reparar no texto final, dito por Tiago.
Falando em final, ele saiu um pouco atropelado. Especialmente no que diz respeito à família de Tiago. A história vinha num crescendo, e parece que tiveram que terminar antes do que imaginavam. Mas, é claro que havia uma esperança de uma continuidade. Várias situações prometiam novos conflitos. Não deu!
O elenco
O elenco é todo excelente. Repare no garotinho que faz Frankie, Santino Barnard. É assustador! Mas o destaque maior fica para Nathan Lane e Natalie Dormer. Ele como o mentor, o sofrido detetive, que busca a verdade, está excelente. Um grande papel daqueles que fez seu nome no teatro. Eu o vi na Broadway, e ele é um gigante. Mas a série “pertence” à Natalie Dormer, que faz quatro papéis diferentes. Ela foi inclusive indicada ao prêmio de melhor atriz no Super Critics Choice. E prometia ainda mais maldades para a segunda temporada. Pena que nunca saberemos quais seriam!