Nos anos 70, foi produzido um filme que ficou bem famoso na época, chamado Madame Claude. Era dirigido por Just Jaeckin, o criador de Emanuelle, e era estrelado por Françoise Fabian. Era considerado mega erótico e a história se baseava na vida de uma agenciadora de prostitutas que realmente existiu. Rendeu várias outras versões, mas essa é a mais famosa. Eu nunca vi, e nem consegui achar nos streamings. Minha ideia inicial era comparar com a versão atual, Os Segredos de Madame Claude, que estreou recentemente na Netflix.
Isso porque Os Segredos de Madame Claude tem muita cara de filme produzido nos anos 70. Estão lá a trilha sonora da época, os cortes, a fotografia meio esmaecida, e, é claro o erotismo. Mas como não achei o filme original, só posso falar desse novo. Tudo começa no final dos anos 60. Madame Claude está no auge, com sua prostitutas de luxo, que servem atores, políticos. Ela está envolvida em várias situações com os poderosos. É quando ela contrata Sidonie, uma jovem refinada, e que logo se torna sua favorita. A partir daí, o filme vai mostrar a relação de Claude com suas garotas e também com a polícia e o submundo.
A crítica dos Segredos de Madame Claude
Um amigo que viu o filme original (e é fã) me disse que a diferença entre os dois filmes é que um exalta o glamour (o primeiro) e outro as dificuldades (o segundo). Na verdade, a parte da política/envolvimento com o submundo é extremamente confusa. Talvez funcionasse melhor numa minissérie para dar mais explicações sobre a situação que a França vivia na época. O chamariz mesmo são as cenas eróticas, todas muito bem fotografadas, bem ao estilo anos 70. Essas são sensuais e eficientes. Mesmo que em várias delas, a câmera se fixe no olhar perdido das mulheres para deixar claro que aquilo era um negócio e não um prazer.
Há também o problema do ritmo lento da história. Em vez de explicar melhor o contexto dos conflitos políticos, Os Segredos de Madame Claude perde tempo com diálogos repetitivos e clips com as – lindas – músicas da época. E ainda com muitas cenas de Claude olhando para o nada. As duas atrizes principais, Karole Rocher (Claude) e Garance Marillier (Sidonie) são competentes, mesmo que Claude seja um tanto estridente demais. Entretanto, se seu interesse é o erotismo, com a nudez de belas mulheres, sem prestar muita atenção na história, o filme vai funcionar.