Há algum tempo, assisti o filme biográfico da cantora Dalida na TV. A produção de 2016 era bem feita einteressante. E me fez conhecer um pouco sobre essa grande artista. Essa semana recebi a notícia que o filme tinha estreado no Belas Artes a La Carte. Logo pensei em meu amigo, o colunista Ovadia Saadia. Ele é o maior expert e fã de Dalida que conheço. Pedi então a ele que escrevesse uma crítica, sob o ponto de vista de grande fã e conhecedor. Ficou uma delícia de ler.
Dalida – o filme
Dalida é um fenômeno mundial de longevidade pós- mortis da canção europeia. Yolanda Christina Gigliotti era egípcia de nascimento, de família italiana da Calábria. Já se vão 34 anos e 145 milhões de álbuns vendidos desde seu suicídio em 1987. Sua popularidade entre os franceses e o público gay mundial é crescente. Especialmente com ajuda da internet, youtube e redes sociais.
Sem esquecer um trabalho de marketing intenso de seu irmão Orlando. No filme, ele é interpretado pelo carismático italiano Riccardo Scamarcio. Foi Orlando quem produziu este filme bem como toda sua carreira. Também a acompanhou durante os breves 54 anos de sua vida. Coordenou cada passo artístico de suas apresentações. Especialmente nos trabalhos em países como Japão, Rússia, Israel ou Turquia. Estes são lugares onde sua popularidade foi imensa. É por isso que se pode esperar veracidade absoluta aos fatos mostrados detalhadamente no filme. Ele incluiu diversos diálogos em sessões de psicanálise.
A crítica
Ela tinha uma imagem de intenso glamour. Isso reflete-se com uma maquiagem bem marcada nos olhos e os cabelos loiros em cascata. Fica evidente também a sofisticação. Seus vestidos de cena são uma profusão de brilhos e paetês. Boa parte deles assinados por Balmain, St. Laurent, Givenchy e principalmente Azzaro. Tudo aliado a sua morte trágica e sua vida cheia de dramas. Estas proporcionam até hoje a devoção e paixão de uma legião de fãs. São sempre fiéis nos quatro cantos do planeta. A veneram diariamente semelhantemente ao culto eterno a Marilyn Monroe ou Elvis Presley.
A diretora desta belíssima e muito cara (15 milhões de euros) cinebiografia é Lisa Azuelos. Curiosamente, ela é filha de outra musa da canção que brilhou nos mesmos anos de Dalida. Era a sublime Marie Laforet, morta subitamente em 2017. Sua grande preocupação foi de traduzir com exatidão, charme e grandiosidade as fases da cantora. Mostrou todas suas reinvenções e metamorfoses de imagem profissional. E ainda um amor incomensurável para seu público. O auge do filme resume muito bem a apoteose da popularidade com o sucesso Monday, Tuesday- laisse Moi Danser. Esse foi um grande hit da fase discotheque de Dalida, já aos 40 anos em 1980.
Sveva Alviti
O filme demorou muito a ser produzido devido à procura da atriz ideal para viver Yolanda/Dalida. A modelo italiana Sveva Alviti venceu 250 candidatas. Demonstra uma devoção visceral em sua correta interpretação. Especialmente nas performances das canções (dubladas) como Je Suis malade ou Besame Mucho. O impressionante e minucioso trabalho de visagismo a deixaram muito parecida com Dalida. Todo o resto do elenco também impressiona. O filme é tão bom quanto o telefilme de Joyce Bunuel de 2005 . Neste, Dalida foi interpretada por Sabrina Ferilli. Também faziam parte do elenco Cristopher Lambert e Alessandro Gassman.
Mais sobre ela
O ex presidente do Egito, Anwar Sadat, afirmou em 1979 que “Dalida é a egípcia mais famosa e emblemática no mundo desde Cleópatra”. Já em 1988, a Enciclopédia Universal encomendou uma pesquisa ao Jornal Le Monde. O objetivo foi revelar as personalidades de maior impacto na sociedade francesa. O resultado foi inesperado. O General De Gaulle e Dalida encabeçavam a lista.
O filme Dalida vale muito a pena ser descoberto também no Brasil. Tanto para quem conhece ou ainda não conhece a biografada. Por tudo isso, e também por Sveva Por sua perfeita recriação dos anos 1950 a 1980.E ainda pela trilha sonora com quase vinte canções da musa.