Adaptar A Bela e a Fera para o cinema depois de uma versão aparentemente tão definitiva como o desenho da Disney era realmente uma tarefa difícil. Por isso, é admirável a forma totalmente diferente e principalmente linda que o diretor Christophe Gan (do igualmente belo O Pacto dos Lobos) deu a história no filme que chega este fim de semana aos cinemas. É falada em francês com clima de superprodução e, com certeza, também um dos filmes mais bonitos que vi nos últimos tempos.
A forma diferente de contar começa já no início, quando conhecemos a família de Belle (as irmãs parecem as da Cinderela) e vemos que ela é bem disfuncional. Eles tiveram que se mudar para o interior como alternativa para as dívidas e também para as más companhias de um dos irmãos. Uma noite durante uma tempestade de neve, o pai acaba chegando nos domínios da Fera, que o deixa voltar para casa somente para se despedir de sua família. Ele deverá retornar para ser morto pela Fera. Mas Belle resolve ir em seu lugar.
Nessa adaptação, ficamos sabendo muito mais sobre o motivo que levou o príncipe a virar fera. Tem um belo apelo ecológico. Além disso, a fantasia e a magia são ainda mais constantes. Também proporciona momentos para os dois atores principais brilharem. Lea Seydoux (de Azul é a Cor mais Quente) como Belle é feminina e voluntariosa. Já Vincent Cassel, que andou tanto por aqui e está em Rio, Eu te Amo, é uma figura forte e apaixonante como o príncipe/fera.
É claro que o que mais se destaca é a beleza do filme. Uma cenografia deslumbrante, recheada de efeitos especiais, cores fortes, belo figurino. Tudo isso chama atenção todo o tempo. Até pode distrair um pouco dos pequenos problemas do roteiro. Você fica querendo mais A Bela e a Fera. Explico: são tantos personagens secundários, que a Fera custa a aparecer e o romance dele com Belle parece muito rápido. Você até fica um pouco surpresa quando ela diz que o ama.
Só que no final, tudo é tão envolvente que isso pode até ser relevado. Mas uma coisa tem que ser avisada. Apesar do alívio cômico dos cachorrinhos e a intimidade com a história, não é um filme para crianças pequenas. Tem muita violência (física e psicológica), uma rápida nudez e momentos que podem assustar.
Eu assisti ao filme no original com legendas. Foi ótimo. Mas há ainda a opção dublada, com Paolla Oliveira fazendo a voz de Belle.
Eliane Munhoz