Vi as duas primeiras temporadas de The Fall há muito tempo (comecei quando ainda passava na GNT). Mas acabei nunca assistindo a terceira. Foi pura falta de oportunidade, já que eu gostava bastante. Por causa dela, achei na época que Jamie Dornan seria uma boa escolha para ser Christian Grey de 50 Tons de Cinza. Mas acho que ele está bem melhor na série do que na trilogia de filmes. The Fall ficou um bom tempo disponível na Netflix. Agora só está na TNT Go, provavelmente esperando o fim de junho para entrar no HBO Max. Mas, meu amigo José Augusto Paulo assistiu a série inteira recentemente lá na Europa, e escreveu o texto abaixo. Tenho que colocar na fila para ver a última temporada…
The Fall
Comecei a assistir The Fall em DVD há uns anos atrás. Gosto do trabalho de Gillian Anderson e é sempre bom ver e rever Jamie Dornan. O menino de Belfast. que ficou famoso pelos 50 Tons de Cinza, já mostrava em The Fall que aqueles close-up são mesmo para desestabilizar a pressão arterial da platéia. Mas também me atraiu a idéia de uma série que se passa em Belfast. As filmagens foram feitas no período depois do The Troubles, pós Processo de Paz. Mas ainda havia tensões e situações dificeis de compreender. Especialmente para quem não pertence às comunidades que estavam nas origens dos conflitos.
A primeira temporada é mais sobre como o assistente social Paul Spector (Jamie, mais magro do que estaria em 50 tons) comete seus crimes. Ele vai assassinando moças em suas casas e cometendo aqueles atos que nos parecem inimagináveis, mas infelizmente existem. Uma policial de alta patente, Stella Gibson (Gillian com uma frieza que nos prende a atenção), é chamada de Londres. Ela tem grande experiência nesses tipos de crime, e fica em Belfast
encarregada da investigação. Ambos, criminoso e policial, tem um lado mais público e um privado que leva a comparações. Tanto que ambos passam a série tentando desvendar os segredos do outro. Uma curiosidade: notei também que Spector e Gibson são nomes de guitarras.
A segunda e a terceira temporadas
A segunda temporada é mais sobre a procura pelo assassino e os dramas paralelos que essa busca desencadeia. Termina em uma surpresa que ajuda a definir o tom da terceira temporada. As três são excelentes, empolgantes, mas de forma cool, até elegante. Uma produção com muitas cores escuras e fortes, pouca luz, sem momentos ensolarados. É como se fosse para dar o tom e colocar na moldura personagens complexos, nada fáceis de interpretar.
Jamie Dornan mostra-se melhor ator do que nos 50 Tons (pode ser que se sinta mais confiante no seu sotaque regional original). Gillian dá profundidade a Stella. A atuação dos dois quase vira uma dança macabra. A fotografia mostra poucos ângulos muito abertos, com a câmera muito focada nos rostos e na expressões dos olhos. Há pouco sentimentalismo, texto por vezes bem profundo, inteligente. Personagens paralelos por hora irritantes, por hora patéticos. Mas a série encanta e surpreende, mesmo quando sabemos, desde o começo, quem é o assassino.