Pra começar, o Um Homem de Sorte do título não é o filme de Zac Efron, baseado no livro de Nicholas Sparks. Este aqui é um filme dinamarquês, dirigido por Bille August. Ele é o diretor de Pelle, o Conquistador, vencedor do Oscar e da Palma de Ouro. Gosto muito de seus filmes. Recentemente vi Trem Noturno para Lisboa (disponível na Amazon Prime). Vale a pena! Meu amigo José Augusto Paulo assistiu Um Homem de Sorte, uma produção de 2018, com 2h42 de duração. A crítica dele está a seguir:
Um Homem de Sorte
A Revolução Industrial teve uma grande influência no desenvolvimento da literatura. O aumento da população urbana expandiu o número de leitores. O Romantismo foi muito beneficiado. Mais tarde, na segunda metade do século XIX, houve a expansão da alfabetização. Isso também contribuiu para a popularidade de livros e publicações em geral. Com as mudanças sociais os assuntos evoluíram. Da busca e realização do amor, e historias mais caseiras, para uma análise e critica social mais ampla. Estas quase sempre vinham com alguma lição moral, como que para educar as classes ascendentes.
É nesse viés que encontramos Lykke Per (Afortunado Per), escrito por Henrik Pontoppidan. Ele recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1917. Foram oito volumes entre 1898 e 1904. Este se tornou um dos livros mais conhecidos na Dinamarca (algo entre Dom Casmurro e Vidas Secas para eles). O trabalho é parcialmente autobiográfico.
A história
Um Homem de Sorte é mais uma versão em filme desse clássico. Conta a história de Peter, o filho de um pastor luterano do campo que sonha em ir para longe. O rapaz tem facilidade para matemática e engenharia. Ele desenvolve, mais na mente do que no papel, um projeto de canais. que deveriam atravessar a Dinamarca. E também um sistema de moinhos para coletar energia do vento. Essa era uma ideia muitíssimo inovadora para a época em que o carvão era a fonte de energia dominante.
Peter se muda para Copenhague, para estudar engenharia. Mas, sempre acreditando que já sabe o suficiente para realizar o seu projeto. Por casualidade, conhece o membro de uma das famílias ricas da cidade. Eventualmente se torna namorado e depois noivo de uma das filhas. Tudo parece caminhar bem para Peter. Ele agora se chama Per, uma versão mais aristocrática do seu nome. É quando o futuro sogro junta-se a outros possíveis investidores para seu projeto. Só que o orgulho e arrogância de Per se põe no caminho do seu sucesso. O autor Pontoppidan salvou-se de igual sorte dedicando-se à literatura que lhe trouxe a fama e o sucesso que a engenharia não lhe traria.
A crítica
O filme é um pouco longo (isso era esperado pelo tamanho do livro). Mas é muito bem feito, com excelente atuações e impecável recriação de época. Há muita luz em varias das cenas. É como se pretendesse nos lembrar de como o personagem principal é ‘iluminado’ pela sorte. Mas fica mais escuro com o desenrolar da história.
A lição moral em si é fácil. Especialmente porque é impossível assistir ao filme sem ver que Per está desperdiçando conscientemente excelentes oportunidades. Inclusive nos pegamos lamentando sua sorte. E também os danos que causa àqueles que estão a sua volta. Um clássico de peso filmado com elegância e estilo.
regina
14 de março de 2022 às 4:05 pm
Adorei o filme do inicio ao fim
ZeuMorais
17 de julho de 2022 às 2:50 am
É a segunda vez que vejo. É possível fazer muitas leituras diferentes do filme, dependendo da forma de cada um ver a vida. Gostei bastante. Parabéns aos envolvidos na produção.
Eliane Munhoz
17 de julho de 2022 às 2:46 pm
É ótimo quando a gente encontra filmes que nos proporcionam esse prazer de ver e rever.
Benedicto I. C. Dutra
30 de outubro de 2022 às 2:03 pm
Em meio ao abismo entre os modos de vida de sua família cristã e a de Jacobe, judia, Per entrou em conflito íntimo e perdeu o rumo, não sabia o que fazer atormentado pelas lembranças de sua infância e juventude se tornou descrente de tudo sendo corroído por seu orgulho e descontentamento com a vida, esse tempo precioso concedido aos seres humanos, enquanto Jacobe, adquiriu maturidade superando as dificuldades.