Boa parte da crítica norte-americana “acabou” com Caminhos da Memória, que estreia hoje nos cinemas. Eu discordo. Claro, o filme tem problemas, especialmente de edição, já que tem quase duas horas de duração. Mas eu adorei o clima da história, a homenagem ao gênero “film noir”. E claro, o elenco. Escrito e dirigido por Lisa Joy, criadora de Westworld, o filme me envolveu do início ao fim.
Tudo se passa em Miami, num futuro distópico. As água subiram, e parte da cidade está submersa. Os ricos vivem nas áreas secas. Já o resto da população vive em locais perigosos, onde a água pode subir a qualquer momento. Nesse cenário, Nick Bannister é um investigador particular da mente. Ele tem um negócion, onde ajuda seus clientes a acessar memórias perdidas. Só que sua vida muda para sempre quando ele aceita uma nova cliente, Mae. Uma questão simples de achados e perdidos se torna uma perigosa obsessão. Só que um dia, Mae desaparece. E Nick vai fazer de tudo para descobrir a verdade sobre o que houve com ela. É quando ele descobre uma conspiração violenta.
Antes de você assistir Caminhos da Memória, é bom avisar uma coisa. O filme foi “marketeado” como uma ficção-científica de ação. Na verdade, ele é um grande romance, que usa a ficção científica – a volta ao passado – para se desenvolver. Como já disse, ele tem todas as características de um film noir. Um investigador desencantado com a vida, que se envolve com uma mulher misteriosa. A partir dessa ligação, ele terá que enfrentar grandes vilões, e solucionar um crime. Tudo isso existe em Caminhos da Memória, só que com uma nova roupagem.
Ou seja, a ideia é ótima, uma pena é que o filme enrola muito. Por exemplo, quase no final do filme há uma luta numa área destruída que é longuíssima. E o pior, tira o foco da história, sem adicionar nada. Ou seja, atrapalha. Mas, na verdade, como história, pelo menos no meu ponto de vista, o filme funciona. Isso, em parte, se deve muito ao carisma da dupla central. Hugh Jackman é sempre ótimo – e está em plena forma! Já Rebecca Fergunson, está linda, maravilhosa, e misteriosa como deveria.
Os dois, como a gente já viu em O Rei do Show, tem grande química. Principalmente Hugh convence muito, como o homem completamente enlouquecido de paixão. E o filme ainda tem Thadiwe Newton, que já tinha trabalhado com a diretora em Westworld. Ela está ótima como a parceira de trabalho de Nick. Aliás, o filme ainda tem outra atriz de Westworld, Angela Sarafyan, que faz um papel pequeno, mas marcante.
Ou seja, Caminhos da Memória não é um filme perfeito. Longe disso! Mas tem clima, sedução, romance, história e atores incríveis. É bem mais do que a maioria dos filmes que tenho visto tanto no cinema como no streaming.