O diretor Richard Linklater tem uma legião de fãs ardorosos especialmente por causa de sua trilogia do Antes – Antes do Amanhecer, do Pôr do Sol e da Meia Noite. Não é o meu caso. Sempre achei estes filmes muito verborrágicos. Não tenho muita paciência para tantas discussões de relacionamento. Meu preferido do diretor ainda é Escola do Rock (que, aliás, vai virar série) seguido pelo pouco conhecido Eu e Orson Welles, estrelado por Zac Effron.
Este fim de semana estreia o novo filme do diretor, Boyhood: Da Infância à Juventude, que todo mundo já considera que deverá estar entre os finalistas do Oscar. Ele acompanha onze anos na vida de um menino. E o brilhante da história é que ele realmente filmou ao longo de onze anos, começando em 2003 e terminando no ano passado. Uma vez por ano ele reunia os atores Ellar Coltrane (o menino Mason), Ethan Hawke (o pai), Patricia Arquette (a mãe) e sua filha Lorelei Linklater (a irmã) para contar a história simples desta família sob o ponto de vista de Mason. Separações, descobertas, problemas do dia a dia, tudo está lá, contado de uma maneira bem gostosa, que na maior parte do tempo não deixa sentir os 165 minutos de duração do filme.
É claro que é preciso louvar a coragem do diretor em levar adiante um projeto como esse. Afinal, qualquer um poderia desistir no meio do caminho, especialmente as crianças. Mas segundo Linklater, ele só teve um momento de crise, quando a própria filha, Lorelei, quis desistir pois achava que o pai deveria matar o seu personagem “para adicionar um pouco de conflito à história”. Mas o pai acabou convencendo-a a ficar dizendo que a proposta era justamente mostrar uma história de uma vida simples e sem conflitos.
É claro que aqui e ali você tem alguns momentos que comprometem um pouco a narrativa. Como sempre, há muita conversa, mas Mason é uma figura ótima e também não é de falar muito. O menino Ellar Coltrane é ótimo, não tem aquela coisa de caras, bocas e gestos da maioria dos atores infantis.
No final, Boyhood: da Infância à Juventude é um filme obrigatório. É importante conhecer especialmente pela audácia do diretor em prosseguir com um projeto que deveria parecer bem maluco no papel. Mas que rendeu um filme bem interessante.
Eliane Munhoz
Liliane Coelho
31 de outubro de 2014 às 7:01 pm
Eu estou entre as adorados da trilogia Antes S2 Tudo é uma questão de se identificar ou não, porque os filmes funcionam como se eles fossem nossos amigos. E adoro o Jesse e me identifico com a Celine. Então acabei amando e foi muito legal acompanhar com o passar dos anos, como se eles realmente houvesse aquele casal. Ou seja, não posso perder esse novo filme, uma mistura de simplicidade com audácia!