Jesse Plemons é um desses atores – ótimos – que estão em todos os lugares. Ele faz filmes e séries. Na última semana, tive sessão dupla com ele. Assisti a segunda temporada de Fargo na Netflix, que ele fez ao lado da mulher na vida real, Kirsten Dunst. Aliás, ambos foram indicados ao Emmy e venceram o Critics Choice pela série. E no cinema, ele é o astro de Espíritos Obscuros, que está em cartaz nos cinemas. No filme, Jesse faz um xerife, que ajuda a irmã (Keri Russell) a descobrir um espírito do mal que cerca um garotinho. O filme reúne pela terceira vez Jesse com o diretor Scott Cooper. Eles já fizeram juntos os filmes Aliança do Crime, de 2014, e depois no faroeste Hostis, de 2017.
Jesse Plemons respondeu algumas perguntas sobre Espíritos Obscuros por email, falando da sua experiência. Veja aqui:
Você tem várias cenas no filme coberto de sangue. Tudo bem?
Ah sim, é meio necessário num filme como esse. Você tem que achar algum humor (risadas). Vai de ruim ao muito pior nesse filme – é um homem de Scott Cooper!
Você deve gostar disso porque sempre retorna – é o seu terceiro filme juntos.
Eu gosto – tenho form de castigo, creio. Eu amo Scott. Ele é um cineasta realmente especial e uma pessoa especial. Ele sempre reúne o melhor do melhor. Eu fiquei impressionado por Florian (Hoffmeister, o diretor de fotografia), e todo mundo. Eu nunca quis sentar para olhar os monitores mais do que nesse filme , porque é tão belamente filmado. É excitante.
Você ficou surpreso quando Scott o chamou para este filme em particular, um terror?
Sim, eu fiquei. Eu fiquei surpreso que ele estava fazendo esse projeto em particular. Mas quanto mais eu pensava nisso, mais senso fazia. Porque ele tem uma habilidade de desenvolver uma sensação de temor. E também é muito bom em capturar as trevas. Ele também é muito focado nos personagens. Então, uma história como essa nas mãos dele fazia muito sentido. É um filme único. Para uma produção que é classificada como terror/fantasia/ suspense, ele constrói com mais situações culturais e do mundo do que outros do gênero.
Keri Russell disse que nas primeiras semanas parecia que você estava filmando um drama íntimo…
É verdade! É um filme estranho, e eu gosto de filmes estranhos (risadas). Só Scott poderia fazer.
Vamos falar sobre o seu personagem. Porque há muito a dizer sobre ele. Há uma certa culpa pelo seu passado, ele está tomando remédio, o que quer dizer que tem problemas. Há muito o que fazer com isso, certo?
Sim, e é o que achei interessante no papel. Não importa para que lado você olhe, a vida dele é ridiculamente complicada. A relação com a irmã é complicada. Só que ela é a família dele, porque não é casado e não tem filhos. É o xerife da cidade, e tudo o que ele quer é fazer a coisa certa. Mas é difícil. De uma certa maneira, ele tenta, mas não tem poder. A situação de pobreza e drogas é demais para ele. Não creio que ele desistiu, mas sabe como é a cidade, e isso não ajuda. Teria sido bom ter tido tempo com Keri e Scott antes de começar a filmar para saber mais sobre a sua história. Mas, sim, ele sente uma grande culpa.
Foi bom ter visto a criatura logo, não?
É incrível! É fantástico ver como a criatura é feita. E mesmo no dia, no set, você tem um cara dentro da roupa, outra pessoa está controlando sua cabeça, mãos e braços. É demais. Cada vez que meu pai aparece no set – e ele vem desde que eu era criança. Ele disse “vai muita coisa ali dentro, tanta gente. E ela está absolutamente certo.
Você foi um ator infantil. E nesse filme trabalha com Jeremy T. Thomas, que faz o papel de Lucas Weaver em Espíritos Obscuros. É um grande papel para um garoto. Como foi?
Eu acho que ele foi muito bem. Conversei com Scott logo no início sobre isso. Ele é muito tímido, e é difícil dizer como foi a experiência. mas conforme as filmagens foram acontecendo, você conseguia perceber que ele estava gostando. E ele fez outras coisas antes desse filme. E o outro ator infantil é ótimo também – Sawyer Jones, que faz o irmão, Aiden. Eu observei a cena de abertura, quando ele está fora da mina. Um momento doce, e aí o pai lhe dá um pacote de metanfetamina. É assim, ‘ Ah, ok…’
E como foi trabalhar com Keri Russell?
Ah, ela é ótima. Tinha coisas difíceis. Mas eu me senti muito confortável com Keri. E nós conseguíamos rir sobre o absurdo de tudo. Ela é incrível!
A sua relação com Scott mudou nessa terceira parceria?
Nós nos conhecemos muito bem. Eu sinto que amo esse cara mais do que no início. Eu consegui trabalhar mais de perto com ele em Espíritos Obscuros. Ele é um dos mais positivos e confiantes diretores com quem já trabalhei. Em Aliança do Crime, havia momento que eu dizia “mesmo?” quando ele me cumprimentava por algo (risadas). Mas é como ele é. Ele é tão entusiasmado por fazer filmes, que é infeccioso. É uma energia incrível estar com ele no set.
Dizer que você é ocupado é um eufemismo…
Sim, eu tenho que tirar umas férias
Mas é obviamente difícil dizer não para trabalhar com diretores como Scott e Martin Scorsese (O Irlandês e Killer of the Flower Moon)…
Sim, e é o que acontece. É uma história antiga. Cada vez que você resolve tirar umas férias aparece um trabalho. Eu também me lembro do tempo – falando de atores infantis – quando eu era o “garoto número 2”. E estar agora numa posição na qual eu só aceito projetos que realmente gosto, é incrível.
Você claramente faz diversos tipos de papéis também. Lembro que as pessoas ficaram muito aterrorizadas com você em Breaking Bad. Teria sido muito fácil para Hollywood só lhe oferecer personagens do mesmo tipo, o psicopata…
Eles tentaram com certeza. E ainda tentam (risadas). Mas é disso que eu gosto. A diversão de pular de filmes do mais diversos gêneros possível. Eu realmente não achava que seria o vilão de um filme da Disney (Jungle Cruise), e isso aconteceu (risadas). Me diverti com a ideia, e depois pensei que seria um desafio engraçado. É difícil de sizer não para boas oportunidades . mas pretendo dedicar mais tempo para a família num futuro próximo.
Você é fã de terror?
Um pouco. Não diria que sou um grande fã, mas O Iluminado é um de meus filmes favoritos. Eu assisti recentemente um documentário, Filmworker (sobre o ator Leon Vitali). Ele é um grande ator que desistiu porque era um discípulo de Kubrick. É realmente interessante.