O streaming, especialmente a Netflix, popularizou filmes e séries de várias partes do mundo. É o caso da Coréia do Sul, da Índia, dos países nórdicos e também da Espanha. Nesse último caso, o exemplo mais óbvio é La Casa de Papel. Mas há outras séries espanholas que valem uma olhada. Meu amigo José Augusto Paulo assistiu O Sucessor, que tem duas temporadas disponíveis na Netflix. E gostou. Veja abaixo a crítica dele!
O Sucessor
Ultimamente a Espanha tem exportado produções que focam mais em suas regiões e lugares mais ermos, fora do eixo Madrid-Barcelona. E o faz bem já que o país tem áreas de beleza pouco conhecidas no exterior. E mesmo nesse caso, quando a cidade da série é fictícia, ainda assim fica claro que a ação se passa na Galícia. O dialeto de lá é bem próximo ao português, apesar de se escutar pouco na série. E, nesse caso, carrega no titulo também uma expressão galega ‘Vivir sin Permiso’. Isso se diz quando alguém faz mais do que se espera desta vida.
Coloquei essa série na minha lista quando estava assistindo outras também espanholas. Mas confesso que quando tentei o primeiro episodio, quase não o terminei. Achei muito estilo ‘novelão’, sem trilha sonora mas com musica incidental. Além do que a história me parecia óbvia. É sobre um empresário aparentemente bem sucedido, que se descobre nos primeiros estágios de Alzheimer. Com isso, precisa decidir para quem deixará o seus negócios. Entretanto há algo mais. Logo ficamos sabendo que os barcos da empresa transportam drogas ilegais ao invés de somente o pescado. E mesmo com o personagem principal não se parecendo com o típico narcotraficante, achei tudo um pouco exagerado. Portanto meu conselho seria: persista que com o tempo melhora. A partir do segundo episódio, os personagens começam a ganhar mais credibilidade. Além disso, a trama se torna mais interessante e o ritmo mais envolvente.
A crítica e o elenco
José Coronado, ator com longa carreira no cinema e TV espanhola, faz Nemo Bandeira. Ele é o patriarca, e a cada episódio o seu personagem se torna mais um misto de Rei Lear, Otelo e Coriolanus. Alex Gonzalez (Fomos Canções) interpreta Mario, afilhado de Nemo que se torna seu braço direito nos negócios. Só que este se ressente de que o padrinho não cogite em deixar para ele a empresa. Os filhos são talvez os personagens mais fracos. Alex Monner poderia interpretar um Carlos Bandeira menos exagerado. Ele chega à beira de parecer patético, mas tem seus momentos. Entretanto, como disse, ainda fica aquela impressão de ‘novelão’. Tem muita gente bonita que mais parece para decoração do que para atuação. Só que uma direção enxuta, uma fotografia clara e uma produção que usa muito da natureza e de cores densas, salvam o dia.
O que me pareceu mais interessante é que, como a série retrata bem a evolução da doença, em dado momento nos importamos menos com quem herdará a empresa. Mas sim até quando Nemo estará no controle e como consentirá ser removido das decisões diárias. Experimente, mas passe além do primeiro episódio de O Sucessor.