A Mão de Deus , que estreou na Netflix essa semana, é o representante da Itália no Oscar de filme estrangeiro. Tem boas chances de ficar entre os cinco finalistas. Já conseguiu indicações para o Globo de Ouro e para o Critics Choice na mesma categoria. Boa parte da imprensa está amando. Alguns amigos adoraram. Só que não me conquistou.
O filme dirigido e roteirizado por Paolo Sorrentino, tem um fundo autobiográfico. Fabietto Schisa (Filippo Scotti) vive na tumultuada Nápoles dos anos 1980. Ele é fã de futebol e tem uma alegria inesperada, como a chegada de Diego Maradona ao seu time do coração. Sua família também é divertida, e vive às brigas. Só que Fabietto viverá uma tragédia igualmente surpreendente. O destino vai desempenhar seu papel, e ele terá que pensar o que fazer de seu futuro.
O que achei de A Mão de Deus?
Paolo Sorrentino já tem um Oscar – e outros vários prêmios – por A Grande Beleza. Também acho que é um filme super estimado. O diretor gosta de estender certas sequências até você não aguentar mais. Isso se repete aqui em A Mão de Deus. Eu até gosto da primeira parte quando ele homenageia (copia?) Fellini mostrando a família de Fabietto. Isso com todos aqueles exageros que a gente espera de uma comédia italiana. Entretanto , a segunda parte , que se passa após a tragédia pela qual ele passa, é chatíssima. Até é de se admirar que Sorrentino se mostre como um jovem tão sem atrativos e tão sem destino. Também não me convence a súbita descoberta de Fabietto pelo cinema. Como ele próprio diz, somente para fugir de sua realidade infeliz. Se fosse assim, o mundo inteiro viraria cineasta…
Os atores estão ótimos. Gostei especialmente de Luisa Ranieri, como Patrizia. Aliás, uma pena que ela aparece tão pouco. É a personagem mais interessante da história. Gostaria até de ver um filme sobre ela. De qualquer maneira, A Mão de Deus tem um apelo especial para um público que se identifica com um jovem fã de futebol que ´passa por algumas provações. Provavelmente até os votantes do Oscar.