Todo o fã de cinema que conhece a obra de Peter Bogdanovich está de luto com a morte dele hoje (6), aos 82 anos. Isso porque, além de diretor premiado, ator, roteirista, produtor, escritor, historiador, Peter era um fã de cinema. Era um dos nossos! Em várias ocasiões, escreveu estudos resgatando a memória de grandes diretores. Howard Hawks, John Ford, Alfred Hitchcock, Orson Welles…Se tornou amigo pessoal de vários deles. Como diretor, seu primeiro grande sucesso, A Última sessão de Cinema, de 1971, teve oito indicações ao Oscar. Faz inclusive parte dos filmes do Registro Nacional da Biblioteca do Congresso Americano. Isso porque é “culturalmente, historicamente e esteticamente significante”.
Reconheço que A Última Sessão de Cinema é o melhor filme dele como diretor. Mas não é o meu preferido. Este posto fica com Essa pequena é uma Parada, uma das melhores comédias da história. Infelizmente, os dois não estão disponíveis no streaming (vá entender os conceitos…). Mas, por incrível que pareça, o segundo filme de Bogdanovich está. É Viagem ao planeta das Mulheres Pré-Históricas, que está na Amazon Prime. Deve ser um horror! Mas pode ser um bom programa para homenagear Peter esta noite!
Um pouco de história
A carreira de Peter sofre vários reveses após o grande sucesso de A Última Sessão, Essa Pequena é uma parada, e Lua de Papel. Este último, que deu o Oscar para Tatum O’Neal, está disponível para aluguel e compra na Apple TV. Houve o caso com Cybill Shephard, que levou ao divórcio de dele e da mulher Polly Platt. A seguir, Peter dirigiu dois filmes estrelados por Cybill que foram grandes fracassos. O apenas razoável Daisy Miller, e o péssimo Amor, Eterno Amor. A carreira de ambos saiu bem chamuscada dessas duas produções. Não havia romance que resistisse, e tudo acabou.
Quando fez Muito Riso e Muita Alegria, Peter se apaixonou pela ex-coelhinha da Playboy, Dorothy Stratten. Os dois resolveram ficar juntos. Só que quando Dorothy contou ao seu marido que o estava deixando, ele a matou e depois se suicidou. Esse drama se transformou em filme, Star 80, dirigido por Bob Fosse. O papel de Peter, aqui com o nome de Aram Nicholas, era vivido por Roger Rees. Anos depois, Peter acabou se casando com a irmã mais nova de Dorothy, Louise, 29 anos mais nova que ele. Muitos apontam semelhanças com Um Corpo que Cai nessa história. E que Peter estaria tentando transformar Louise em Dorothy. Fã de cinema sempre…
Com os problemas na carreira de diretor, Peter acabou se dedicando a ser ator. Fez várias participações em séries, como Família Soprano (HBO Max), Law and Order: Criminal Intent (Amazon Prime), e Out of Order. No cinema também fez algumas aparições, a mais recente em It – Capítulo 2 (HBO Max) como Peter, o diretor, rs. Como diretor, seu último trabalho para o cinema foi Um Amor a cada Esquina, com Owen Wilson, Jennifer Aniston e… Cybill Shepherd. Está disponível no Looke, Mubi e Claro Vídeo.
Os documentários
Na carreira, Peter se dedicou muito a documentários. É possível ver sua participação no interessantíssimo Hitchcock/Truffaut (disponível na Globoplay). E também em dois episódios de O que é Cinema?, que está no Belas Artes a la carte. Nos dois, ele fala sobre Orson Welles. Aliás, Peter ficou muito amigo de Orson Welles na fase final da vida do gênio do cinema. Inclusive participou do documentário sobre a filmagem da última produção de Welles, que ficou inacabada. Ele pode ser visto na Netflix, com o título de O Outro Lado do Vento. Aliás, há uma declaração de Peter de 1971 sobre Welles. Foi logo depois que A Última Sessão de Cinema começou a fazer um enorme sucesso. “Eu espero que não esteja repetindo o que aconteceu com Orson Welles. Você sabe, faz um filme sério e bem sucedido o início e depois passa o resto da vida em declínio. ”
Uma pena! Descanse em paz, Peter!