Craig Gillespie dirigiu um filme que gosto muito chamado Eu, Tonya (atualmente disponível para aluguel na Apple TV). O filme, que concorreu a Oscars. Mostra uma história real como homens perdedores provocam uma situação que prejudica a carreira de uma mulher nos anos 90. Ele segue mais ou menos o mesmo princípio na nova série Pam & Tommy, que estreou na Star Plus. Os três primeiros episódios já estão disponíveis. Os outros cinco serão lançados um por semana.
Pam & Tommy segue o turbulento relacionamento de Pamela Anderson (Lily James), famosa por seu trabalho na série Baywatch, e de Tommy Lee (Sebastian Stan), baterista da banda Mötley Crüe. O romance começou em 1995, quando os dois resolveram se casar alguns dias depois de terem se conhecido. No mesmo ano, o casal estampou tabloides do mundo inteiro quando uma sex tape acabou na internet, que começava então. Ela acabou sendo distribuída para o público pelo ex-ator pornô Michael Morrison (Nick Offerman) e seu amigo Rand Gauthier (Seth Rogen). A tal gravação desencadeou um dos maiores escândalos sexuais da década de 90. O vazamento da fita afetou imediatamente a carreira de Anderson que ficou marcada pelo escândalo.
O que achei desse início de Pam & Tommy?
O primeiro episódio é praticamente dedicado à história de Rand Gauthier, o cara que roubou a fita. É extremamente cansativo e dá vontade de desistir. Mostra mais o tratamento enlouquecido de Tommy com os funcionários que fazem a reforma em sua casa. A revolta de Rand faz com que ele tome a atitude de roubar um armário onde encontrará a fita posteriormente. Lily James praticamente não aparece, o que faz falta no episódio. O segundo já é mais interessante. Afinal aborda o início rapidíssimo do romance de Pam & Tommy, como se conheceram numa boate, e como resolveram se casar após alguns dias. Tem uma sequência meio vexatória que é quando Tommy conversa com seu pênis – e ele responde… visualmente e com a voz do comediante Jason Matzoukas. Aliás, o filme tem diversas cenas de nudez dos dois.
É no terceiro episódio que a história da distribuição da fita começa. Ou seja, minha sensação é que essa minissérie de oito episódios poderia ter uns cinco (ou quatro) episódios e teria um ritmo mais objetivo para contar uma história que é bem interessante. A reconstituição de época é ótima, a trilha sonora idem. Mas ela tem muito – demais – Seth Rogen (também produtor). Todo o arco envolvendo a ex-mulher lésbica (Taylor Schilling, de Orange is the New Black) é totalmente dispensável.
E no final…
No final dos três episódios, fica a sensação que a única pessoa que presta, e que foi prejudicada nessa história, foi Pamela Anderson. Lily James, que ficou assustadoramente parecida com Pamela, a faz de um jeito doce e inocente. Uma interpretação digna de prêmios. Cada vez que ela aparece em cena, a série se torna mais interessante. Há um momento no terceiro episódio em que Pamela diz que a pessoa que ela mais admira é Jane Fonda. É de cortar o coração ver que Pamela nunca conseguiria alcançar aquilo que desejava. E nem ter o respeito que gostaria. A verdadeira Pamela Anderson preferiu não se envolver com o projeto de Pam & Tommy.
Não posso dizer que a série é aquilo que eu esperava. Me decepcionou um pouco. Não por sua audácia, mas por não ser mais objetiva. Mas quem sabe pode melhorar a partir do próximo episódio na semana que vem.