Belfast tem sete indicações para o Oscar, inclusive melhor filme. Tem também seis para o BAFTA, e onze para o Critics Choice. Já ganhou o Globo de Ouro de melhor roteiro, e o prêmio do Hollywood Critics para o elenco. Isso diz muita coisa. O filme estreia nessa quinta nos cinemas, e até agora, para mim, é o melhor filme do ano. Impossível não rir, ficar tenso – logo na primeira sequência – e se emocionar.
Belfast narra a vida de uma família da Irlanda do Norte sob a perspectiva do garotinho de 9 anos, Buddy. Tudo se passa durante os tumultuosos anos de 1960, período de grandes conflitos políticos e sociais. O pequeno Buddy (Jude Hill) testemunha as lutas da classe trabalhadora, em meio de mudanças culturais e violência extrema. Buddy sonha em um futuro melhor, glamoroso, que vai tirá-lo dos problemas que enfrenta no momento. Só que, enquanto isso não acontece, ele se consola com os pais, Pa (Jamie Dornan) e Ma (Caitríona Balfe). E também junto com seus avós (Judie Dench e Ciarán Hinds) que contam histórias maravilhosas. Só que a família luta para pagar suas dívidas acumuladas. Pa sonha em emigrar para Sydney ou Vancouver, uma perspectiva que Ma vê com aflição.
O que achei de Belfast?
O roteiro escrito por Kenneth Branagh é claramente inspirado em suas memórias de infância. Há um claro carinho por todos esses personagens. E também pelo cinema. Há referências a filmes que influenciaram o diretor como Esperança e Glória (um de meus preferidos da vida), Império do Sol, e claro, Matar ou Morrer. Toda a sequência de homenagem a este último, com o uso da canção-tema inclusive, é brilhante e arrebatador.
Aliás, o filme está cheio delas. A sequência de abertura parece o início de um musical, mostrando o dia a dia das famílias do bairro onde Buddy vive. Até que a violência atinge de forma chocante e inesperada. A direção de Branagh é inspiradíssima, com movimentos de câmera inesperados. E também um uso inovador das cores, e da falta delas. Repare que a maior parte das cenas é filmada do ponto de vista de Buddy, ou seja, de baixo para cima.
O elenco
O roteiro tem momentos delicados das descobertas de Buddy. Repare a cena que ele lê os quadrinhos de Thor (Branagh dirigiu um dos filmes do herói). E mescla estes com outros realmente tensos todo o tempo. A trilha sonora é estupenda, usando muito do irlandês Van Morrison. O elenco é sensacional. O garotinho Jude Hill é um achado, perfeito em todos os momentos. Ciarán Hinds e Judi Dench têm momentos de candura inesquecíveis, com um enorme carinho um pelo outro. Jamie Dornan tem seu melhor momento como ator, bem diferente do Sr. Grey. Mas, o impossível é tirar os olhos de Caitriona Balfe, de Outlander. Como Ma ela tem momentos que vão da comédia ao mais puro desespero. Seus olhos dizem tudo. Uma pena que acabou ficando de fora das indicações ao Oscar.
Os momentos finais de filme são totalmente emocionantes. A nostalgia de Branagh é linda de ver, especialmente para quem ama o cinema. Dá vontade de saber mais sobre o que aconteceu com Buddy e sua família. É facilmente o melhor filme do diretor, e, com certeza, um dos melhores do ano.