Há algumas coisas que a gente não entende no Oscar. Na categoria melhor canção, por exemplo, os votantes colocaram entre os finalistas a canção Somehow You Do, do filme Quatro dias com Ela. Nada contra a música, que até é bonita. Mas o filme é de 2020 (lançado nos cinemas americanos no início de 2021), e por alguma razão acabou caindo no gosto dos votantes. Talvez seja porque é de autoria de Dianne Warren, que tem aqui sua 13ª indicação sem ganhar. E provavelmente não vai ganhar de novo! De qualquer maneira, a música e o filme valem ser conhecidos. Quatro dia com Ela é um drama com Glenn Close e Mila Kunis, que vai estrear no Telecine nessa terça, dia 22, às 22 horas. No mesmo dia, ficará disponível no serviço de streaming.
Deb (Glenn Close) vive em sua casa com o marido. Tudo parece tranquilo. Até que sua filha, Molly (Mila Kunis), uma viciada em drogas, bate à sua porta pedindo abrigo. A contragosto, ela a resgata. É a 15ª tentativa de reabilitação de Molly. Só que agora elas descobrem uma terapia nova e intensiva de cura. O problema é que Molly precisa ficar limpa quatro dias para iniciar este tratamento. E assim mãe e filha vão passar por várias provações até chegar lá.
O que achei de Quatro Dias com Ela?
Filmes sobre tentativas de familiares de salvar viciados em drogas são comuns em Hollywood. Lembro recentemente de Querido Menino, com Steve Carell. E ainda Era uma Vez um Sonho, onde a própria Glenn fazia o papel da mãe de uma viciada, vivida por Amy Adams. Quatro dias com Ela segue uma outra linha. Parece em alguns momentos até um filme de suspense, quando Deb fica na tensão de que Molly voltou a se drogar. E aí é que entra mais uma vez o talento da atriz. Há uma cena de Deb com a outra filha, quando ela percebe que esqueceu a carteira em casa. O desespero em seu rosto, já que Molly pode pegar o dinheiro para comprar drogas, é impagável. Um grande momento de Glenn.
Mas, isso a gente já espera dela. Com certeza, a maior atriz de sua geração, injustiçada sempre pelo Oscar. Mas, a grande surpresa aqui é atuação de Mila Kunis como a filha drogada. É desesperador ver a dor, o sofrimento. Ela tem uma cena ótima onde descreve seu vício para alunos de uma escola. O interessante de tudo isso é ver que a Academia – e outras premiações – lembraram da canção, mas esqueceram dessas duas primorosas atuações de Glenn e Mila.
O filme mostra as situações terríveis de quem tem que passar por isso. E é baseada em uma história real, que felizmente teve um final feliz. Amanda Wendler está “limpa” há mais de quatro anos. Ela e sua mãe, Libby Alexander hoje defendem viciados e suas famílias.