Nanni Moretti é um diretor que já ganhou vários prêmios. Entre eles a Palma de Ouro por O Quarto do Filho, e o Globo de Ouro por Habemus Papam. E agora chega com um novo filme , Tre Piani, que estreia nos cinemas nessa quinta. É a primeira vez que Nanni não trabalha com uma ideia original. A história é baseada em um livro do autor israelense Eshkol Nevo, e fez parte da Seleção Oficial do Festival de Cannes.
O filme traz a ação de Israel para a Itália, adaptando a historia aos costumes locais. Ele acompanha três famílias que vivem num prédio de três andares num bairro de Roma. Durante 10 anos, as vidas de cada família acabam entrelaçadas por vários acontecimentos. Estes obrigam os personagens a lidar com situações dolorosas, difíceis e inconfortáveis. As escolhas que cada um faz vão determinar o curso da sua existência.
O que achei de Tre Piani?
O filme não tem vergonha de se assumir como melodrama. Até aí tudo certo. Aborda momentos de escolha terríveis. Um pai que não quer mais saber do filho. Outro atormentado porque sua filha pode ter sofrido um abuso sexual. Uma jovem que tem medo de sofrer das mesma doença mental de sua mãe. Toda a ação começa com uma bela sequência de um acidente de carro onde o motorista bêbado acaba matando uma pessoa. A partir daí, as histórias desses moradores irão se intercalar.
Tre Piani aborda claramente o conceito de família, de pais e mães, e o que fazem por seus filhos. Confesso que não me envolvi com as histórias e também não me emocionei. Mas outras pessoas que estavam na mesma sessão se sentiram bem tocadas com uma história ou outra. Eu não consegui embarcar nas reações de diversos personagens, nem em suas decisões erradas. Me incomodou também esses homens que decidem, e as mulheres que aceitam tudo na história. A parte da acusação de estupro também foi mal desenvolvida. Mas, creio que a forma de enxergar tudo isso pode variar de pessoa para pessoa, segundo suas crenças e escolhas de vida.
Os finais de todos também me pareceram forçados, assim como boa parte dos atores. Riccardo Scamarcio tem sempre a mesma cara de mal-humorado. A cena em que chora olhando a filha na escola é uma vergonha alheia de tão ruim. O mesmo pode se dizer do exagero de Alessandro Sperduti, que faz o motorista bêbado. O diretor faz um dos personagens, o juiz Bardi. Está bem, assim como Margherita Buy no papel de sua mulher, Dora. Mas, de resto, nada muito memorável.