Já faz muito tempo que assisti O Traidor. Ele foi o filme de abertura do Festival do Cinema Italiano de São Paulo em 2019. Até achei que nunca mais estrearia nos cinemas. Mas, eis que, surpreendentemente, ele chega nessa quinta. E traz várias curiosidades. Primeiro é a presença de Maria Fernanda Cândido no elenco dessa produção italiana. Além disso, o filme se baseia em um história real sobre a máfia italiana, onde o Brasil teve um papel importante.
O Traidor acompanha a jornada de Tommaso Buscetta, mafioso que ficou famoso por aqui quando se exilou no Brasil. Veio para cá se afastando da máfia no começo da expansão do tráfico de heroína, e se casou com uma brasileira. Só que acabou preso e foi mandado de volta para a Itália. Durante o processo que se segue por lá, ele sente que a máfia abandonou os seus princípios. Buscetta faz então um acordo com o estado para depor contra seus ex-colegas. Aos poucos o filme mostra as relações que trouxeram a situação até este ponto, enquanto Tommaso revê aqueles com quem um dia se associou.
O que achei de O Traidor?
O filme é uma co-produção entre Itália, Brasil, Alemanha e França. Foi o indicado da Itália para concorrer ao Oscar de filme estrangeiro. Ganhou vários David Di Donatello, o maior prêmio do cinema local. Inclusive melhor filme, diretor (Marco Bellocchio), e ator (Pierfrancesco Favino que faz o papel de Buscetta) Maria Fernanda Cândido faz o papel de Cristina, a esposa brasileira do mafioso. Aliás, essa semana tem dois filmes com a atriz estreando no cinema. Este e Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore.
Quem viveu os anos 80 provavelmente irá lembrar dessa história. Foi bem comentada quando Buscetta foi extraditado para a Itália. Para quem não conhece, e gosta de filmes de máfia, pode ser uma opção interessante. Bellocchio é sempre um diretor instigante – repare como ele usa a fotografia como era comum na época. Os fatos históricos do combate a máfia sempre rende boas histórias – ainda mais quando são verdadeiras. Todos do elenco estão ótimos, especialmente Pierfrancesco Favino no papel principal. Mas, me lembro que o filme era muito arrastado – tem 2h33 – e me cansou bastante no dia da festa de abertura do Festival. Minha sensação é que funcionaria melhor como uma minissérie. Mas, mesmo assim, não deixa de ser uma história real que vale conhecer.